Daniel Lima e Kelly Oliveira
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – A decisão do Federal Reserve (Fed), Banco Central americano, de manter o programa de estímulos à economia norte-americana surpreendeu o mercado financeiro. Ontem, o Fed decidiu manter o programa de compra de ativos que irriga o mercado norte-americano com US$ 85 bilhões, em média, por mês.
Segundo o economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, havia “consenso construído nos últimos meses” que esses estímulos começariam a ser reduzidos neste mês. “A reação do mercado mostra que não era o cenário esperado. O Fed se mostrou mais cauteloso do que se imaginava”, disse.
Para Campos Neto, o Fed manteve a “visão de dependência de indicadores”, o que pode gerar volatilidade (fortes oscilações) e especulações de agentes do mercado sempre que houver novas divulgações de dados econômicos. Ele destacou que a decisão de manter os estímulos foi influenciada pela piora em indicadores do mercado imobiliário e de emprego nos Estados Unidos.
No Brasil, segundo o economista, a decisão do Fed ajudou a tirar a pressão sobre o real. Ele acrescentou que em junho, julho e em parte de agosto houve exagero no mercado de câmbio, com o dólar atingindo picos de R$ 2,40. Atualmente, no entanto, já havia redução na pressão por alta da moeda.
Campos Neto disse que no momento não é possível fazer previsão sobre como ficará a cotação do dólar. Isso porque “os fundamentos da economia brasileira estão piores, com déficit externo muito elevado e piora em indicadores fiscais”. Além disso, ele acredita que em algum momento no futuro o Fed vai anunciar a redução de estímulos. Ele também acrescentou que é preciso esperar para ver se o BC vai fazer alguma mudança nas intervenções diárias que vêm realizando no mercado de câmbio.
A professora do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp) Maryse Farhi também não arrisca qualquer previsão quanto ao patamar do dólar no país, mas disse que a tendência é queda na cotação da moeda, depois do anúncio do Fed.
“Taxa de câmbio é uma coisa que não dá pra tentar prever. Para o Brasil, é sempre muito complexo o efeito da variação do câmbio. Uma apreciação do dólar é bom para as exportações e para a atividade industrial interna”, disse. Por outro lado, acrescentou a professora, dólar mais baixo ajuda a conter a inflação.
Ontem, a decisão do Fed levou a moeda norte-americana a fechar com queda de 2,89%, cotada a R$ 2,194 – o patamar mais baixo desde final de junho.
Edição: Denise Griesinger
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