Carolina Sarres
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, defendeu hoje (16) o fim da transferência de armas para a Síria. Para ele, esse deve ser o principal ponto da resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o tema. Nesta segunda-feira, a Comissão de Inquérito das Nações Unidas para a Síria divulgou o resultado de um relatório que aponta que, apesar da constatação do uso de armas químicas, a maioria das mortes no conflito foi causada por armas de fogo convencionais.
"Defendemos o cessamento imediato do fluxo de armas para a Síria, que só tem agravado o drama humanitário, gerado mais mortes e mais refugiados. Esse é um problema que tem de ser equacionado. Sem dúvida, esperaríamos que o Conselho de Segurança pudesse se pôr de acordo para determinar a cessão desse fluxo", explicou o chanceler, que informou não haver negociações no conselho que tratem especificamente dessa questão armamentícia.
Para o chanceler, o relatório da Comissão de Inquérito, chefiada pelo diplomata brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, mostra que houve flagrante violação de direitos humanos no país por ambas as partes do conflito – governo e oposição, representada pelo Exército Livre Sírio –, e que diversos crimes voltaram a ocorrer desde a intensificação da crise, nas últimas semanas.
Figueiredo também defendeu uma solução política, e não militar, ao conflito – assim como foi abordado no relatório da Comissão de Inquérito da ONU. "Essa é a hora de investirmos na diplomacia para a busca de uma paz duradoura. É hora de abandonarmos qualquer plano de intervenção militar estrangeira, que só agravaria a situação", explicou o ministro, que saudou os Estados Unidos e a Rússia pelo acordo firmado nos últimos dias.
Ele também reconheceu o avanço da Síria ao aceitar aderir à Convenção de Proibição ao Uso de Armas Químicas (Cpaq) e falou sobre a soberania do país e a necessidade de a comunidade internacional aceitar soluções da própria Síria para os seus conflitos.
Sobre a crise, o ministro Figueiredo ainda informou sobre a importância do tema para o Brasil, que tem numerosa população com ascendência síria. Isso, para ele, credencia o Brasil a participar das negociações dessa questão.
"Somos um país que tem uma sensibilidade grande para o que se passa na Síria. Do nosso ponto de vista, isso nos credencia a participar ativamente do diálogo nessa busca por soluções”, disse o chanceler. De acordo com ele, o Brasil está disposto a contribuir para o êxito da Conferência Internacional Genebra 2, que tentará encontrar uma solução política para o conflito.
Segundo o ministro, essa conferência deverá ser negociada em pormenores durante da conferência anual das Nações Unidas, que ocorrerá no final deste mês, em Nova York. "No decorrer dos preparativos [para Genebra 2], vamos conversar com os parceiros. Já há ideias de eventuais contribuições brasileiras", informou.
Sobre a viagem da presidenta Dilma Rousseff a Washington, agendada para este mês, o chanceler não quis dar informações. Figueiredo tem uma reunião com Dilma marcada para o final da tarde de hoje, em que deverão discutir o assunto. Essa viagem tem sido tema de tensão entre o Brasil e os Estados Unidos, desde que foram divulgadas notícias de que Dilma, empresas brasileiras e cidadãos estariam sendo espionados por agências norte-americanas. Até o momento, não se sabe se a viagem vai ocorrer.
Edição: Talita Cavalcante
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil
ONU confirma uso do gás sarin em ataque na Síria
Líderes da medicina no mundo alertam para ruptura do sistema de saúde da Síria
Comissão de Inquérito da ONU divulga relatório sobre conflito na Síria
Síria registra novos conflitos após acordo para eliminação de armas químicas
Brasil diz que acordo contribuirá para busca de solução negociada na Síria