Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A participação da indústria de transformação na economia brasileira atingiu em 2012 o mesmo nível de 1956, primeiro ano do governo de Juscelino Kubitschek. Segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), no ano passado o setor representou 13,25% do Produto Interno Bruto (PIB). O percentual indica uma queda de 14 pontos percentuais em relação ao patamar de 1985, quando a indústria de transformação era responsável por 27,2% do PIB.
A indústria de transformação compreende atividades que envolvem transformação física, química e biológica de materiais, substâncias e componentes para obter produtos novos.
Com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Fiesp aponta que de 1985 a 2011, a participação da indústria de transformação no número de empregos formais caiu de 27,1% para 17,5%.
De acordo com a pesquisa Panorama da Indústria de Transformação Brasileira, o processo de desindustrialização é causado pelo cenário macroeconômico adverso, que reduziu ao longo dos últimos anos a competitividade das empresas nacionais. “A economia mundial passou por vários eventos adversos que influenciaram negativamente o ambiente macroeconômico, a demanda agregada e, por consequência, o crescimento da indústria”, diz o estudo ao se referir à aceleração da inflação nos anos 1980 e às crises financeiras da década de 1990.
Por isso, segundo a pesquisa, o processo de redução da participação da indústria na economia brasileira é um fenômeno negativo, ao contrário do que ocorreu em países mais desenvolvidos economicamente. “Nos países desenvolvidos, o processo de desindustrialização foi resultado do crescimento da produtividade na indústria de transformação, ou seja, esteve associado ao aumento do emprego de alta produtividade e elevada qualificação da mão de obra no setor, o que transferiu trabalhadores para os outros setores da economia”, informa o texto.
No caso do Brasil, segundo o estudo, o processo de desindustrialização é precoce e nocivo à economia nacional, pois “se associa a fenômenos negativos, como a perda de competitividade das exportações industriais, que se manifesta por meio da reprimarização da pauta exportadora; e o aumento das importações não somente de bens de capital e de consumo”.
Para inverter esse processo, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, defendeu adoção de medidas que criem um melhor ambiente para as indústrias brasileiras. “Não adianta ter todo tipo de inovação, tecnologia, marca, imagem, mercado, pessoal treinado e um câmbio distorcido em 30%, 40%, que rouba todo tipo de competitividade”, disse. “O Brasil tem muito imposto, carga tributária alta, uma burocracia tremenda. E isso tem que mudar. Precisamos de uma reforma que simplifique isso e acabe com a guerra fiscal”. Skaf criticou também as altas taxas de juros cobradas no país.
Edição: Fábio Massalli
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