Leandra Felipe
Correspondente Agência Brasil/EBC
Bogotá - Após o pedido de tempo nas negociações pelo fim do conflito pedido pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na semana passada, o governo colombiano e a guerrilha retomam hoje (26) os diálogos em Havana, Cuba. As Farc haviam suspendido o diálogo, na sexta-feira (23) para avaliar a proposta do governo de fazer um referendo sobre o acordo de paz, no mesmo dia das eleições presidenciais, previstas para maio de 2014.
Depois que as Farc pediram tempo, o governo do país, chamou de volta os negociadores à Bogotá, mas ontem (25), após reunião com a equipe negociadora, o presidente Juan Manuel Santos anunciou que a missão regressaria a Cuba para reiniciar as conversações.
Ele defendeu o referendo, dizendo que isso permitirá que o povo colombiano decida sobre os acordos. “Os colombianos devem ver a última palavra e decidir se querem ou não o que for acordado em Havana”, afirmou.
Ele disse que os diálogos avançaram bastante, mas que é preciso ser realista. “Ainda há muito trabalho a fazer e muito caminho a percorrer. Mas estou confiante. Creio que todos queremos que isso avance rápido e que cheguemos rapidamente aos acordos”, destacou.
Ontem, o chefe máximo das Farc, Timoleón Jiménez, Timochenko, também enviou um comunicado dizendo que os negociadores da guerrilha manteriam o diálogo em Havana. Apesar de ordenar a continuidade dos diálogos à mesa em Havana, ele fez críticas à proposta de referendo enviada pelo governo Santos ao Congresso colombiano.
Em um pronunciamento, Timochenko disse que a maneira pela qual o projeto do Executivo da Colômbia foi enviado ao Legislativo não foi “tão limpa, como pretende apresentar o governo”. Para ele, foi feita uma “manobra eleitoral”, porque o referendo foi proposto na mesma data das eleições. “Não é curioso que Santos recorra ao processo [de paz] para ser reeleito?”, questionou.
Ele reafirmou que gostaria que fosse realizada uma Assembleia Constituinte – proposta apresentada pelos negociadores das Farc em Havana e rejeitada pelo governo. Além disso, argumentou que com o projeto o presidente pretende apressar eu trâmite para que a negociação termine ainda este ano.
Embora tenha feito críticas, Timochenko, ressaltou que quer “seguir adiante com o processo de paz.”
Edição: Talita Cavalcante
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