Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A prática de espionagem por agências norte-americanas a cidadãos brasileiros foi alvo de críticas da comissão de especialistas do Brasil que viajou aos Estados Unidos para obtenção de informações sobre o tema. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse hoje (22) que a missão viajou com um roteiro de trabalho pronto e com uma metodologia advertindo que as ações de espionagem ameaçam afetar a infraestrutura e os marcos jurídicos.
De acordo com Patriota, o trabalho da missão de peritos que viajou aos Estados Unidos para apurar as informações tem um caráter sigiloso. A missão é integrada por representantes de vários ministérios, como os de Relações Exteriores, da Justiça e das Comunicações, além do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), entre outros.
“Continuamos muito ativos, creio que o Brasil foi o país que foi mais longe, inclusive estamos conversando com vários países, [com] espírito de cooperação e de respeito à soberania”, disse Patriota, que participa de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara destinada a discutir temas relativos à política externa brasileira.
O chanceler acrescentou ainda que a reação do Brasil de indignação e incômodo foi compreendida pelas autoridades dos Estados Unidos. “A firmeza e a indignação do Brasil, eu acredito que foi transmitida de maneira a ser interpretada pela imprensa internacional como a mais forte até agora. Sem dúvida, é importante que o Congresso se manifeste também. Precisamos acabar com essas práticas”, disse ele.
Porém, Patriota evitou responder se o Brasil concederia asilo a Edward Snowden, que serviu de fonte para as reportagens que denunciaram o esquema de ciberespionagem implantado pelos Estados Unidos, caso a Rússia tivesse negado o pedido do norte-americano para viver naquele país. “Aprendi em 30 anos de diplomacia a não responder a perguntas hipotéticas. E, essa é uma questão hipotética”, disse.
Em seguida, o chanceler acrescentou: “O Brasil não deu nem deixou de dar uma resposta a Snowden, na medida em que ele tem onde ficar”. A partir das denúncias de Snowden, ex-funcionário de uma empresa terceirizada que trabalhava para a Agência Nacional de Segurança norte-americana (NSA), vieram à tona informações sobre a ausência de privacidade e o risco de monitoramento a dados pessoais em vários países, por intermédio de programas executados pelos norte-americanos.
O tema foi assunto da conversa da presidenta Dilma Rousseff e de Patriota, na semana passada, com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, pedindo informações e dados detalhados. Dilma e Patriota também cobraram o fim dos atos de espionagem envolvendo cidadãos brasileiros.
Edição: Davi Oliveira
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