Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Cerca de 100 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar (PM), protestaram na noite de hoje (22) contra o extermínio de jovens negros e pobres. O grupo se concentrou em frente ao Theatro Municipal, na região central da capital paulista, e seguiu em passeata até a Câmara Municipal. Durante o trajeto, alguns participantes de marcha trocaram ofensas com um skinhead, que se refugiou dentro de uma loja de roupas, temendo ser agredido. Na confusão, manequins e cabides foram derrubados.
Segundo o membro do conselho geral da Uneafro Brasil, uma das entidades que organizaram o ato, Douglas Belchior, a principal reivindicação é a mudança na lógica das políticas de segurança pública. “Todos os governos reproduzem essa política de segurança pública que elege o jovem negro como principal alvo de sua repressão”, disse.
Como solução, Belchior defendeu a desmilitarização da polícia e o reconhecimento, pelo governo, da existência de milícias e grupos de extermínio em São Paulo. “É um debate amplo sobre uma nova política de segurança pública para o Brasil, que garante a cidadania, a convivência pacífica e o direito a vida”.
A estudante de história Ariane Reis comparou a repressão das manifestações com a violência usada pela polícia nas periferias. Na opinião dela, as armas menos letais são apenas uma amostra da força usada contra os mais pobres. “A gente sofre aqui nos atos com bala de borracha, enquanto todo dia a juventude negra está morrendo nas periferias”.
A rapper Sharylaine Siu acredita que as mortes causadas por agentes do Estado contra um determinado seguimento da população é uma ameaça a própria noção de democracia. “A juventude que morre hoje é a mesma que morria no tempo da escravidão, na ditadura e se nós vivemos em um país democrático, isso não poderia acontecer”.
Edição: Aécio Amado
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