Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu hoje (23) o Programa Mais Médicos, lançado pelo governo federal, que visa a levar profissionais para regiões pobres do país. O ex-presidente disse que o assunto estava “atravessado na sua garganta" e defendeu a contratação de médicos estrangeiros que queiram trabalhar no Brasil, outra medida prevista no programa.
“Se os médicos brasileiros não querem trabalhar no sertão, que a gente traga outros médicos”, disse Lula, em discurso durante o Festival da Mulher Afro, Latino-Americana e Caribenha. “Ninguém quer tirar emprego de ninguém”, completou.
De acordo com o ex-presidente, faltam médicos em algumas especialidades e a solução é “importar”. Lula criticou a proposta de que os profissionais estrangeiros tenham que passar por um exame de revalidação do diploma para atuar no Brasil. Segundo ele, "apenas 27% dos médicos brasileiros" são aprovados em exames aplicados por conselhos regionais de Medicina. "Se fosse a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], a maioria não poderia exercer a medicina”, disse.
O ex-presidente comentou as manifestações que têm ocorrido no país. Sobre uma das reivindicações dos protestos, por mais recursos para a saúde, Lula lembrou que, durante seu governo, a oposição conseguiu acabar com a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), cuja arrecadação, por lei, deveria ser destinada à saúde. “Eu sinto uma necessidade de dizer. Nós sabemos, a Dilma sabe, que é preciso melhorar muito a saúde. Entretanto, é preciso lembrar que eles, a elite brasileira tirou a CPMF. Isso significa, nos anos do meu mandato e do governo da Dilma, a retirada de mais de R$ 350 bilhões da saúde”, disse Lula.
Apesar de negar que tenha pretensão de dar “palpites” na discussão sobre reforma ministerial e redução do número de ministérios, Lula acredita que a presidenta Dilma não fará isso. Falando para uma plateia repleta de mulheres e homens ligados ao movimento negro, o ex-presidente pediu que eles ficassem alertas diante da proposta de mudanças nos ministérios.
“Eu tô vendo na imprensa que tem gente que vai pedir para presidenta Dilma para reduzir ministérios. Olha, fiquem espertos, porque ninguém vai querer acabar com o Ministério da Fazenda, ninguém vai querer acabar com o Ministério da Defesa. Eles vão querer mexer com a igualdade racial, com direitos humanos. Eu acho que a Dilma não vai mexer. Eles vão falar que precisa fazer ajuste, precisa diminuir. A gente não tem que diminuir ou aumentar, tem que saber para que serve”, disse Lula.
No discurso, o ex-presidente também defendeu a reforma política e a proposta de um plebiscito levantada pela presidenta Dilma Rousseff. Ele voltou a dizer que a população não deve desistir da política porque a melhor solução para o país é a democracia. Na opinião dele, a presidenta vem sofrendo preconceito de “setores conservadores” por ser mulher, mas continuará recebendo a ajuda dele. “Não preciso ser governo para fazer as coisas neste país. Se eu incomodo, vou continuar incomodando, vou continuar falando, vou continuar ajudando a Dilma”, disse.
Ele ressaltou que está “mais motivado” e que a saúde vai bem. Lula negou que o câncer tenha voltado, conforme tem circulado informalmente em sites na internet. Na opinião dele, quem divulga esse tipo de informação está agindo de má-fé. “A maldade de alguns é tamanha, a falta de caráter, que passaram a insinuar que eu estou com câncer e metástase. Se eu detectar que o meu câncer voltou, fiquem sabendo que vocês vão ser os primeiros a saber. Eu não vou esconder do povo brasileiro”, disse.
Edição: Carolina Pimentel
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