Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse hoje (10) que, nas conversas mantidas com o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, este negou que agências norte-americanas monitorem metadados de cidadãos brasileiros. Metadados (dados que descrevem dados) são informações úteis para identificar, localizar, compreender e gerenciar os dados.
Segundo Patriota, o representante dos Estados Unidos rebateu as informações de que agências norte-americanas mantenham convênios com empresas brasileiras para ter acesso aos dados dos usuários de internet e telecomunicações em geral.
De acordo com Patriota, o embaixador americano rechaçou várias informações publicadas em reportagens do jornal O Globo sobre o esquema de espionagem para monitorar usuários brasileiros de internet e telefonia. “Ele [Shannon] disse que várias informações não são corretas.”
O chanceler, os ministros Celso Amorim, da Defesa, e José Elito Siqueira, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, participam de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado sobre as denúncias de espionagem de cidadãos brasileiros por agências norte-americanas.
Em reunião com Patriota ontem (9), Shannon comprometeu-se a organizar uma equipe de especialistas em vários setores associados às comunicações para investigar as denúncias. Diplomatas que acompanharam a reunião disseram à Agência Brasil que Shannon manifestou disposição de colaborar com as autoridades brasileiras.
O embaixador entregou a Patriota documento de uma página informando sobre a criação do grupo de especialistas e comprometendo-se a colaborar. Antes, o Ministério das Relações Exteriores tinha encaminhado ao Departamento de Estado norte-americano, por intermédio da Embaixada dos Estados Unidos, nota cobrando explicações.
No texto, o governo brasileiro pede explicações sobre as “alegadas denúncias de espionagem”. A expressão usada pelas autoridades brasileiras não foi contestada pelos norte-americanos. Para especialistas na área internacional, isso demonstra que o governo dos Estados Unidos considera legítima a reação brasileira e levará adiante o processo de apuração dos dados.
Com base em dados obtidos pelo consultor Edward Snowden, que trabalhava para uma prestadora de serviços à Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, aos quais teve acesso, o jornal O Globo publicou reportagens segundo as quais há indicações de que cidadãos brasileiros foram monitorados.
As reportagens mostram ainda que havia uma espécie de escritório da NSA, em parceria com a CIA, a agência de inteligência americana, em Brasília. O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, negou a veracidade das informações, mas se comprometeu a investigar as denúncias.
Edição: Nádia Franco
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