Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os manifestantes que tinham sido dispersados pela Polícia Militar (PM) voltaram a ocupar a esquina da Rua São Francisco Xavier com a Avenida Maracanã, nesta noite (30), nas imediações do Estádio Jornalista Mário Filho. Um pouco antes, houve confronto e foram usados bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta.
Dezenas de pessoas com faixas e cartazes, questionando a licitação do Maracanã pelo governo do estado do Rio e as realizações, no Brasil, da Copa do Mundo de 2014 e da Copa das Confederações, estão sentadas no chão. Em frente, centenas de policiais fazem a contenção. A Força Nacional e a Tropa de Choque permanecem no local.
Entre os manifestantes, que comemoram a volta do grupo depois da confronto, a advogada Érica Castro, de 28 anos, disse que os governos deveriam ter outras prioridades que não sejam as competições de futebol. "Temos que vencer esses políticos e garantir serviços públicos decentes", disse.
Já a socióloga Tania Mara Santos, de 29 anos, disse que não tem medo de novo confronto com a PM. "Tenho medo, sim, de perder a luta contra a corrupção, recuamos porque não conseguíamos respirar", declarou Tania. Para ela, é preciso protestar para "mudar a realidade".
Com máscara de pano para tentar se proteger dos efeitos dos gases, Pedro Monteiro, artista plástico de 24 anos, avalia que "o momento é crucial" para mostrar a insatisfação com políticas públicas.
"Sou contra a Copa do Mundo, o povo não foi consultado, não pedimos a Copa, nem a Fifa [Federação Internacional de Futebol] e tudo o que está sendo destruído para a realização dos jogos", reclamou. Ele deu como exemplo a desocupação da Aldeia Maracanã, no entorno do estádio.
Os manifestantes também pedem o apoio dos policiais do cordão de isolamento que, para eles, sofrem com baixos salários e estão submetidos a riscos com frequência. Sem se identificar, PMs reclamaram que estão sem lanche desde o início da tarde e não podem ser substituídos.
O porta-voz do Batalhão de Operações Especiais (Bope), coronel Ivan Blaz, não foi encontrado para comentar a situação.
Edição: Graça Adjuto
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir o material é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil
Defensoria Pública vai apurar atuação da polícia para conter manifestantes no Rio
Blindado da PM lança bomba de gás em grupo de manifestantes perto do Maracanã
Manifestantes entram em confronto com a polícia nas proximidades do Maracanã
Torcedores dentro do Maracanã sentem efeitos do gás usado em confronto