Débora Zampier *
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A onda de protestos que tomou o país nas últimas semanas continua neste domingo (23), e agora muitos manifestantes se mobilizam para discutir propostas e garantir a eficácia do movimento. Em Fortaleza, onde haverá jogo da Copa das Confederações entre as seleções da Nigéria e da Espanha, um grupo está reunido desde a manhã na 1ª Assembleia Geral de Movimentos de Protesto.
De acordo com informações postadas na página da assembleia em uma rede social, o evento foi convocado para debater questões de representatividade e as causas que serão defendidas a partir de agora. Após os debates, o grupo também convoca para novo protesto rumo à Arena Castelão, onde haverá jogo a partir das 16h.
“É muito confuso, tem muita gente diferente, pouca gente que tem experiência com movimentos organizados. Mas acredito que só o debate em si já é um ponto muito positivo”, avalia Rodrigo Santaella, uma das lideranças do movimento que, segundo ele, reuniu 1,5 mil pessoas nesta manhã. Ele informa que não havia policiais reprimindo a manifestação de hoje, e que um novo protesto está sendo organizado para a próxima quinta-feira (27), quando haverá novo jogo do Brasil, para discutir temas como saúde e moradia.
De acordo com o porta-voz da Comunicação da Polícia Militar do Ceará, tenente-coronel Fernando Albano, a corporação ainda não foi informada de protestos nas proximidades do estádio nesta tarde. “Mas o policiamento é mantido do mesmo jeito para todos os jogos, da mesma forma que houve para o jogo do Brasil”.
Segundo o oficial, a PM manterá 2,2 mil homens nas ruas – somado todo o efetivo de segurança, são 6,1 mil – que farão cordão de isolamento entre 2 e 3 quilômetros do estádio. “Haverá todo o planejamento, tem Tropa de Choque, policiamento ostensivo e turístico para o estádio”. Ele informa que os policiais estão preparados para agir com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, além de balas de borracha, caso haja depredações e os protestos se tornem violentos. “O comandante vai avaliar a situação e decidir na hora”, resume.
No Recife, que receberá o jogo entre as seleções do Uruguai e do Taiti, a partir das 16h, o representante da assessoria de Comunicação da Polícia Militar de Pernambuco, capitão Marcello Mascarenhas, informa que não há previsão de protestos nesta tarde. Ele não divulgou o efetivo policial que sairá às ruas. “Estamos prontos todos os dias, e colocamos de acordo com a necessidade”.
Segundo o oficial, os protestos na capital pernambucana vêm ocorrendo com tranquilidade em sua maioria, sem demandar emprego de força policial mais ostensiva. “Mas estamos prontos caso seja necessário”, alerta. Para coibir situações de violência, a Secretária de Defesa Social de Pernambuco lançou uma campanha pedindo aos manifestantes que enviem vídeos e fotos de agressões e depredações. O órgão informa que as imagens serão encaminhadas à Polícia Civil e que os autores serão mantidos em anonimato.
Em Brasília, uma manifestação reuniu cerca de 200 crianças em frente ao Congresso Nacional na manhã de hoje. Para a tarde, está prevista a Grande Assembleia dos Povos do Distrito Federal, a partir das 14h. Os organizadores querem promover o diálogo entre os diversos movimentos e manifestantes para apresentar propostas concretas de reivindicações. “Desta vez, iremos propor um programa ao invés de denunciar”, diz a página do evento em uma rede social.
Em São Paulo, estão programadas três atividades do Movimento Passe Livre (MPL) para esclarecer detalhes sobre a organização. Em São Bernardo, localizada na Grande São Paulo, está sendo convocada concentração no Paço Municipal para protestar contra a má qualidade dos transportes.
No Rio de Janeiro, é esperada nova manifestação a partir das 16h em Copacabana para protestar contra a Proposta de Emenda à Constituição 37 (PEC 37), que impede o Ministério Público de fazer investigações criminais. Pela manhã, houve protesto de mães e crianças no Aterro do Flamengo, enquanto manifestantes continuam concentrados perto da casa do governador Sérgio Cabral, no Leblon, pelo terceiro dia consecutivo.
* Colaboraram Camila Maciel (SP) e Cristina Índio do Brasil (RJ)
Edição: Fernando Fraga
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