Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse hoje (19) que os ataques ao prédio da prefeitura e ao Theatro Municipal feitos ontem por manifestantes que protestavam contra o reajuste da tarifa das passagens de ônibus foram uma “atrocidade” contra a cidade. “As edificações são patrimônios do cidadão”, observou. Durante as manifestações, um grupo de pessoas jogou grades, bombas e tentou arrombar a porta.
Também foram feitas diversas pichações tanto no prédio da prefeitura quanto no Theatro Municipal, que também teve vitrais quebrados. De acordo com balanço da subprefeitura da Sé, além dos prédios públicos, 29 imóveis privados (lojas e agências bancárias) foram depredados, saqueados e incendiados. Ao todo 189 lixeiras foram destruídas.
“Tivemos na segunda-feira um dia que todo mundo celebrou. São Paulo é berço de manifestações, convive bem com os movimentos sociais, tem um legado da democratização que precisa ser respeitado. Gestos como os de ontem não contribuem com o funcionamento da cidade. Independentemente da manifestação, da apresentação de argumentos, negociação, ela [a cidade] quer funcionar. As pessoas têm o direito de chegar ao trabalho em casa e participar das manifestações. Não precisa fazer manifestação excluindo os direitos das outras pessoas”, disse.
Ao ser questionado sobre a demora da PM em agir contra os vândalos, Haddad ressaltou que conversou com o governador Geraldo Alckmin, e entendeu que a polícia foi acionada no momento em que a Guarda Civil Metropolitana considerou ser o certo. “Existe uma preocupação da polícia com a integridade física das pessoas. Obviamente que depois da quinta-feira [13 de junho, dia em que a PM agiu com rigor contra manifestantes] existe uma preocupação de que a população não tenha uma percepção de que a polícia está contra ela [a população]. Então a polícia só age em último caso”.
Sobre a possibilidade de baixar o preço da tarifa do transporte público, Haddad disse que não há possibilidade de isso ocorrer devido às limitações do orçamento da prefeitura. Acrescentou que reduzir o valor implicaria impactos em outras áreas, como saúde e educação. “As pessoas têm de compreender que essas escolhas são difíceis para o governante e que a coisa mais fácil é agradar em curto prazo, é tomar uma decisão de caráter populista, sem explicar para o cidadão as implicações da decisão que você está tomando”.
Segundo o prefeito, o custo anual do subsídio às passagens de ônibus custaria à prefeitura, em 2016, cerca de R$ 2,7 bilhões. A estimativa leva em conta o congelamento das tarifas em R$ 3. Neste ano, será necessário R$ 1,2 bilhão para subsidiar a tarifa atual (R$ 3,20). Se for aprovada a redução para R$ 3, o valor passaria para R$ 1,4 bilhão. A alternativa seria, de acordo com o prefeito, o êxito da agenda de desoneração, com a aprovação do projeto de lei que já passou na Câmara dos Deputados e vai para o Senado. A aprovação significaria, conforme disse, "um impacto de 7% no valor do transporte público, que pode ser aplicado assim que sancionado”.
O projeto de lei institui o Regime Especial de Incentivos para o Transporte Coletivo Urbano e Metropolitano de Passageiros (Reitup), com a redução de impostos sobre o transporte público.
Haddad garantiu que a prefeitura está trabalhando para encontrar uma alternativa e que até sexta-feira deve dar uma resposta e se reunir com representantes do Movimento Passe Livre.
Edição: José Romildo
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