Presidente de associação diz que mercado de audiovisual vive um momento especial

12/06/2013 - 16h16

Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O mercado de audiovisual no Brasil registrou crescimento significativo nos últimos dez anos e passa por momento muito especial. A avaliação é do diretor executivo da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão, Mauro Garcia. Segundo o executivo, o crescimento foi mais rápido a partir da Lei 12.485/2011, que criou regras para o setor.

Garcia explicou que, com a necessidade de cumprir cotas de exibição de conteúdo nacional nas televisões, houve aumento no número de produções nacionais. Para o executivo, outro fator que contribuiu para a evolução do setor foi o aumento na base de assinantes de TV fechada, que ganhou consumidores das classes C e D. Ele informou que, durante anos, a base ficou estacionada entre 5 milhões e 7 milhões e agora está chegando perto dos 17 milhões de assinantes.

"O mercado de audiovisual aumentou com a mudança de hábito. São telespectadores que vieram da TV aberta. Este hábito de consumo traz audiência para programas brasileiros. Provoca mudança nos canais estrangeiros, que têm que trabalhar com produtos dublados. Há exigência de brasilidade nos canais por assinatura", completou.

Para Mauro Garcia, a mudança aumentou as exigências dos assinantes. "Não pode ser mais qualquer conteúdo nacional. Com a cota de três horas e meia na programação, as produções nacionais são comparadas o tempo todo com as estrangeiras, donas de grandes orçamentos. Então, a gente tem obrigatoriamente uma evolução na qualidade técnica e artística das produções", avaliou.

O movimento influenciou o mercado de trabalho. "A gente tem uma demanda de novas produções por conta da nova lei. Tem sido cada vez maior o número de cursos, principalmente no Sistema S (Senai, Senac, Sesi). São eletricistas, câmeras, assistentes de estúdio, fotógrafos", informou.

Embora a maior base de filiados da associação de produtoras esteja em São Paulo e no Rio de Janeiro, há registro da entrada de produtoras de outros locais do país. "Temos crescimento bem grande em Belo Horizonte, em Porto Alegre e Florianópolis, e surge o Nordeste, principalmente Salvador e o Recife.

É um momento muito especial para o audiovisual brasileiro. Com a lei e a tendência de aportes de recursos públicos, a gente começa a fortalecer a indústria audiovisual no Brasil", disse.

O resultado tem se refletido na participação dos produtos brasileiros em feiras internacionais. Para a gerente executiva do Brazilian TV Producers, projeto de exportação desenvolvido com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, Raquel do Valle, a presença brasileira no exterior é resultado do amadurecimento do trabalho que vem sendo feito.

"O Brazilian TV Producers, com o apoio institucional e governamental, tem conseguido realizar ações para trazer o mercado internacional para cá e para levar o mercado brasileiro para lá e isso começa a gerar produção de fato", explicou.

A executiva disse que as primeiras empresas fizeram contratos de séries em 2004, que ficaram prontas em 2007 e 2008. Segundo ela, outro fator que tem ajudado na divulgação do mercado brasileiro é a realização da feira de negócios RioContent Market.

"A associação das produtoras criou um evento que se chama RioContent Market, no qual a EBC [Empresa Brasil de Comunicação] é nossa parceira, com o objetivo de fomentar negócios entre o Brasil e o mercado internacional. Este ano, em fevereiro, nós reunimos 3 mil participantes em um evento que tem só três anos de existência", disse.

É com muito orgulho que no ano passado a gente recebeu o prêmio Apex-Brasil pelo RioContent Market, por ter se transformado no principal evento da América Latina na área de televisão e novas mídias.

Raquel do Valle disse que ganhou prêmio pelo Brazilian TV Producers, em função do aumento no número de empresas neste esforço exportador. No biênio 2010/2011 a gente teve crescimento de 106% no número de empresas. Hoje são 192 que fazem parte do projeto de exportação", acrescentou.

 

Edição: Beto Coura

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