Bruno Bocchini e Daniel Mello
Repórteres da Agência Brasil
São Paulo – O Movimento Passe Livre e o Ministério Público do Estado de São Paulo decidiram hoje (12) apresentar à prefeitura e ao governo estadual uma proposta para suspensão do aumento das tarifas dos transportes públicos. Na reunião, que foi intermediada pelo Ministério Público e contou com a participação de representantes dos governos estadual e municipal, o movimento concordou em parar com as manifestações de protesto nas ruas da capital se a prefeitura e o governo estadual suspenderem, por 45 dias, o aumento das tarifas nos ônibus, no metrô e nos trens.
Pela proposta, nesse período, uma comissão formada por representantes da sociedade civil, do Ministério Público, da prefeitura e do governo estadual faria uma avaliação dos cálculos que justificaram o aumento nas passagens. O Ministério Público comprometeu-se a apresentar a proposta amanhã (13) ao governo do estado e à prefeitura.
“Agora está nas mãos do prefeito e do governador a suspensão do aumento. Enquanto continuar o aumento de tarifa vão continuar havendo manifestações. Se o aumento de tarifas for suspenso pelo prefeito e pelo governador, as manifestações vão parar, porque as manifestações perdem seu sentido de ser. A proposta [acordada] é um avanço”, disse Lucas Monteiro, do Movimento Passe Livre.
No entanto, a manifestação marcada para amanhã em frente ao Teatro Municipal foi mantida. Caso o aumento das tarifas seja suspenso ainda amanhã, o Movimento Passe Livre informou que permanecerá no local, mas para uma festa de confraternização.
“O Ministério Público assume o compromisso de levar ao prefeito e ao governador o pleito aqui apresentado, que é o suspensão de aumento das tarifas de transporte público da cidade de São Paulo com a concordância dos movimentos sociais, dos sindicatos e partidos políticos aqui representados de suspender, em contra partida, as manifestações em via pública”, disse o promotor Maurício Ribeiro Lopes, que intermediou a proposta com o Movimento Passe Livre.
Na noite de ontem (11), o movimento organizou o terceiro e maior ato contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo. O protesto começou na Avenida Paulista, desceu a Rua da Consolação e seguiu fechando as avenidas Radial Leste, Liberdade e Rangel Pestana. Os manifestantes, que tinham acabado de depredar um ônibus, foram impedidos de entrar no terminal do Parque Dom Pedro II, o que gerou um grande confronto.
A depredação de veículos e os enfrentamentos entre manifestantes e policiais espalharam-se pela região central da cidade, com danos a ônibus, agências bancárias e estações de metrô.
A Polícia Militar prendeu 17 pessoas suspeitas de envolvimento nos atos de vandalismo, das quais 11 continuavam presas até o início da tarde. A Companhia do Metropolitano de São Paulo estimou que os danos nas estações de metrô cheguem a R$ 36 mil.
Está prevista para a noite de hoje uma vigília pela libertação dos que continuam presos. O Coletivo Desentorpecendo a Razão, responsável pelo ato, alega que houve excesso na ação policial.
Edição: Nádia Franco // matéria atualizada às 21h07
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