Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, ficará fechado por mais 18 meses, para reforço estrutural da cobertura. A prefeitura do Rio informou que vai notificar ainda hoje (7) as empresas responsáveis pela obra que arquem com os custos da reforma, que ainda não foram contabilizados. A causa do problema, segundo a prefeitura, foi um erro nos cálculos estruturais do projeto, executados pela empresa Projeto Alfa.
O anúncio foi feito hoje (7), durante coletiva que contou com as participações do secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto, de três engenheiros da comissão técnica que vistoriou o Engenhão e de um representante da empreiteira Odebrecht, integrante do consórcio que finalizou a construção do estádio.
De acordo com o engenheiro Sebastião Andrade, a inspeção feita pela comissão no Engenhão flagrou diversas estruturas metálicas, incluindo grossas vigas de aço, totalmente retorcidas, o que pode colocar em risco toda a cobertura.
“O arco se movimentou bastante. Ao se movimentar, arrastou consigo o tirante, que se curvou. Tudo tem causa no projeto. O arco tem que ser travado. Não pode acontecer nada disso. Possivelmente, essas concepções vêm todas do cálculo do projeto, desde o início”, explicou o engenheiro, mostrando fotos tiradas no local. Segundo a comissão, houve deformação na estrutura metálica logo no início da obra, após a colocação dos arcos.
O engenheiro Marcos Vidigal, da Odebrecht, detalhou aos jornalistas as medidas de recuperação que serão feitas, incluindo o reforço dos arcos metálicos sobre o estádio, que sustentam a maior parte do peso. Os arcos serão envolvidos por uma capa metálica, aumentando sua resistência ao esforço. Cada arco principal tem 2 metros de diâmetro por 220 metros de comprimento.
“Além do reforço no arco, faremos reforço nas tesouras [estruturas metálicas em zigue-zague, que suportam o peso da cobertura]. Uma vez reforçado os arcos, as tesouras e demais ajustes nas peças secundárias, o estádio volta à condição inicial”, explicou Vidigal.
O secretário de Obras disse que as empresas que formaram os dois consórcios responsáveis pelas obras do Engenhão – o primeiro, formado pelas empresas Racional, Delta e Recoma, foi substituído durante a construção pelas construtoras Odebrecht e OAS – serão notificadas para que executem as obras, com base em garantias previstas no Código Civil, referentes à solidez de uma obra e do produto que é entregue.
“Na data de hoje, notificaremos os dois consórcios que construíram o Engenhão. Para deixar bem claro, a notificação eximirá a prefeitura de qualquer custo para a reconstrução ou reforço dessa cobertura. Não haverá nenhum custo de obra da prefeitura para esse reforço. Eu tenho convicção de que essas empresas acatarão a responsabilidade pela reconstrução”, assegurou Pinto.
Apesar da certeza demonstrada pelo secretário de Obras, o representante da Odebrecht eximiu a empresa de arcar com o custo da obra, alegando que a construtora não foi a responsável pelos cálculos estruturais.
“O Consórcio Engenhão vai aguardar a notificação da prefeitura. É importante ressaltar, tendo em visto o laudo da comissão, que o consórcio não tem nenhuma responsabilidade pelos efeitos decorrentes de um projeto que tinha deficiência. Sempre nos inquietou essas movimentações na estrutura. Quando o consórcio foi contratado, por emergência, para concluir a montagem da cobertura, o projeto já estava concluído, as peças já estavam fabricadas e o arco oeste já estava montado. Essa foi a condição com que entramos na obra”, alegou o engenheiro da Odebrecht.
A empresa Projeto Alfa, responsável pelo cálculo estrutural da cobertura, foi procurada por telefone, em sua sede em São Paulo, mas até a publicação desta matéria não havia se pronunciado.
Edição: Davi Oliveira
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