Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os agricultores familiares de assentamentos localizados em região de Caatinga, que desejam gerar renda a partir de produtos extraídos desse tipo de vegetação, terão apoio de técnicos especializados em manejo florestal. Os interessados em receber informações sobre como extrair os produtos de forma sustentável, ou seja, tirar da floresta sem destruir a floresta, têm que se manifestar até o dia 16 de junho.
Foi lançada hoje (17) pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF), do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), e pelo Fundo Clima, do Ministério do Meio Ambiente, a chamada pública para que associações e cooperativas de assentamentos da reforma agrária e do Programa Nacional do Crédito Fundiário recebam apoio para obter lenha, carvão, frutos, estacas e forragem, mantendo a vegetação e a biodiversidade local.
“Quando a gente fala de Caatinga vem a imagem da seca, de não existir floresta, mas a Caatinga tem biodiversidade grande e existem riquezas no bioma”, disse João Paulo Sotero, gerente executivo de Capacitação e Fomento do SFB.
Os dois órgãos também abriram vagas para que agentes de assistência técnica e extensão rural sejam treinados nesse manejo. “O técnico vai estar apto para prestar a assistência florestal em 1,5 ano. Como os assentamentos vão começar a trabalhar o manejo florestal agora, essa demanda vai ser cada vez maior. Então, se a gente não capacitar outras pessoas, daqui a dois anos vai faltar gente para acompanhar os agricultores que optarem por essa atividade”, explicou Sotero.
A expectativa do governo é apoiar, com essa chamada, cerca de 40 assentamentos e 200 técnicos. No ano passado, os órgãos ambientais federais lançaram seis chamadas públicas, sendo duas para capacitação de agentes de assistência técnica e extensão rural. Quase 1,2 mil pessoas entre estudantes de escolas técnicas e agentes foram capacitados. Mas esse tipo de apoio vem sendo oferecido há três anos. O objetivo do governo é conciliar uso e conservação das florestas, ou seja, preparar as comunidades locais para explorar a floresta, mas conservando o bioma, ao mesmo tempo que gera riqueza para as populações.
“Embora o Brasil tenha a maior cobertura florestal do mundo e a floresta tenha papel relevante para o país, ela é pouco trabalhada enquanto geração de riqueza. Aqui a floresta é convertida em lavoura. Mas, é preciso mostrar que além de lavoura é possível gerar renda a partir do uso sustentável dos produtos”, completou Sotero.
Em toda a região de Caatinga, projetos com o mesmo tipo de apoio já prepararam agricultores de quase 150 assentamentos de Pernambuco, da Paraíba , do Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí.
Edição: Aécio Amado
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