Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Cineclube Henfil, projeto da Secretaria Municipal de Cultura de Maricá, município da região das baixadas litorâneas, no estado do Rio de Janeiro, homenageia a cultura negra no mês de maio, quando se comemoram os 125 anos da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel no dia 13 de maio de 1888.
Serão exibidos cinco filmes com temática negra, sendo um por semana, sempre às 19 horas, na Casa de Cultura de Maricá, no centro da cidade, com capacidade para 42 pessoas. As senhas, gratuitas, serão distribuídas 30 minutos antes da exibição do filme.
O coordenador do cineclube, Ronaldo Valentim, disse hoje (30) à Agência Brasil que o objetivo não é somente o de destacar a importância dos negros para a formação sociocultural brasileira, mas também “despertar essa valorização e a consciência da população sobre o tema”.
A programação começa no dia 2 de maio com a exibição de Bahia de Todos os Santos, de 1960. Dirigido por Trigueirinho Neto, o filme é considerado um precursor do chamado Cinema Novo, movimento cinematográfico brasileiro influenciado pelo Neorrealismo italiano e pela Nouvelle Vague francesa. O filme, que marca a estreia do ator negro Antonio Pitanga no cinema, mostra a resistência da cultura popular e africana em Salvador.
No dia 8 de maio, será exibido o filme Quilombo, do cineasta Cacá Diegues, um dos fundadores do Cinema Novo. Coproduzido por Brasil e França, o filme de 1984 foi indicado à Palma de Ouro, no Festival de Cinema de Cannes. Ele conta a história de escravos que se rebelam e encontram refúgio no Quilombo dos Palmares, situado em Alagoas.
Na semana seguinte, no dia 15, o Cineclube Henfil apresenta ao público o documentário Cais do Valongo, Sangra da Terra, seguido de debate com seu diretor, o cineasta Wavá de Carvalho, morador de Maricá. Segundo Ronaldo Valentim, o filme tem a preocupação de promover o resgate da história da miscigenação racial no país. A obra aborda a recente descoberta das ruínas do Cais do Valongo, nas obras do projeto Porto Maravilha, no centro do Rio de Janeiro.
Considerado o maior porto de escravos negros das Américas no século 18, o Cais do Valongo foi escondido pelo Cais da Imperatriz, construído no local para recepcionar a Imperatriz Teresa Cristina, quando ela chegou ao Brasil para casar com dom Pedro II.
Já o curta-metragem A Paixão Segundo Callado, dirigido por José Joffily, narra a vida e a obra do escritor e jornalista Antonio Callado e sua luta para denunciar as injustiças praticadas contra minorias - negros, índios, mulheres e camponeses. O documentário será exibido no dia 22.
Fechando a série de filmes alusivos ao mês da abolição da escravatura, o Cineclube Henfil apresenta à população, no dia 29 de maio, o longa-metragem Xica da Silva, de 1976, também dirigido por Cacá Diegues, vencedor do Festival de Cinema de Brasília do mesmo ano, com os prêmios de melhor diretor, melhor filme e melhor atriz para Zezé Motta.
O filme conta a vida da escrava alforriada Francisca da Silva de Oliveira, ou Xica da Silva, que se tornou uma espécie de rainha no antigo Arraial do Tijuco, na segunda metade do século 18, atual cidade mineira de Diamantina, após seduzir com seus encantos o contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira, homem mais poderoso da região àquela época.
Edição: Davi Oliveira
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