Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva compareceu hoje (26) ao velório do ex-senador e líder negro Abdias do Nascimento e comparou o preconceito racial a uma doença de difícil cura. Lula chegou acompanhado do governador do Rio, Sérgio Cabral, e ficou por cerca de 30 minutos na cerimônia, realizada na Câmara Municipal do Rio.
“Acho que os negros já conquistaram muito espaço desde a Constituição de 1988, mas ainda falta muito. O preconceito é uma doença que não tem cura fácil. O remédio para combater o preconceito leva anos, mas eu penso que estamos avançando”, disse Lula.
O ex-presidente ressaltou o papel de Abdias do Nascimento na história brasileira e lembrou que conheceu o líder negro nos anos 1980, quando iniciava sua trajetória na política nacional. “Eu acho que o Brasil perde uma das figuras mais extraordinárias na luta contra a desigualdade racial, na luta pela redemocratização, na luta pelos direitos do povo negro. Eu convivi com Abdias desde os anos 80. Ele morreu, mas as ideias dele vão permanecer.”
Lula citou como avanço da inserção dos negros na sociedade brasileira o acesso ao ensino superior, por meio do sistema de cotas e pela concessão de bolsas de estudo do Programa Universidade para Todos (ProUni), criado em seu governo. “As cotas nas universidades são uma realidade. O ProUni, colocando 40% de jovens negros nas universidades, é uma revolução e o Abdias faz parte de todas essas conquistas.”
O governador Sérgio Cabral acompanhou Lula e destacou a intelectualidade do líder negro, morto na última segunda-feira (23), aos 97 anos de idade. “Ele era um intelectual, um artista plástico, uma pessoa com uma elegância cultural que dava a ele um peso muito significativo na luta pela igualdade racial e pelo respeito religioso. Um brasileiro que marcou a história do país.”
O corpo de Abdias do Nascimento permanecerá sendo velado até amanhã (27), às 11h, quando será levado para o crematório da Santa Casa de Misericórdia. As cinzas do líder negro serão levadas para a Serra da Barriga, em Alagoas, local do maior centro da resistência negra no Brasil, o Quilombo dos Palmares.
Edição: Aécio Amado