Da Agência Brasil*
Brasília e Rio de Janeiro – O Memorial dos Povos Indígenas comemora hoje (19), o Dia do Índio, com a exposição Mundo em Movimento - Saberes Tradicionais e Novas Tecnologias. A exposição traz trabalhos artesanais e objetos de 55 etnias, além do lançamento do folder Brasil Indígena, do lançamento do catálogo Iny e de uma apresentação cultural dos iny/kararás do Tocantins.
Segundo a gerente do memorial, Tânia Primo, a exposição trata do registro e da documentação das línguas indígenas em extinção. “Antes que a gente perca esse patrimônio material riquíssimo de crenças, rezas, do saber fazer indígena, dos rituais, a gente precisa resgatar isso antes que se perca totalmente”.
Para Iwraru, cacique da Tribo Karajá da Ilha do Bananal (TO), a data é importante para valorização da cultura indígena. “É importante a gente mostrar nossa cultura, nosso canto. Estamos aqui para divulgar nossa cultura, através da dança e da música. Karajá gosta mesmo de brincar, de cantar, de dançar”.
O coral do Centro Universitário de Brasília prestou uma homenagem aos povos indígenas com a música Cunhatai Porá, de Geraldo Espíndola. “Viemos para mostrar nosso carinho e admiração pela cultura indígena, preparamos essa música no início do ano pensando no Dia do Índio. Viemos de coração”, disse o maestro Gutemberg Amaral.
A professora Viviane Caracoci aproveitou a exposição para comemorar o aniversário e o Dia do Índio com a família. “Aproveitando que hoje é o Dia do Índio reunimos a família e trouxemos as crianças para que elas possam aprender sobre nossa cultura, nosso país. Estou achando tudo muito bonito, está bem legal”. O horário de visitação é de terça a sexta-feira, das 9h às 17h. Aos sábados, domingos e feriados, funciona das 10h às 17h. A apresentação cultural Dança e Luta dos Iny/Karará, do Tocantins, ocorre amanhã (20) em dois horários, às 10h e às 15h. A entrada é franca.
Dentro das comemorações, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou o folder Brasil Indígena. Visualizar etnias indígenas espalhados por todo o Brasil, saber que os povos Tikúna e Guarani-Kaiowá são os mais numerosos, além de constatar que após tanto tempo de colonização ainda são faladas 200 línguas diferentes do português nas aldeias. Essas são algumas informações do material.
Elaborado com base em dados já divulgados do Censo 2010, a publicação, de duas páginas, traz um retrato dos 896 mil índios do país, de 305 etnias, falantes de 274 línguas. Com fotos, mapas e gráficos simples, revela a diversidade, o número de índios por estado e as condições de vida deles.
Em geral, os índios permanecem vivendo em aldeias rurais (63,8%). Um contingente de 80 mil estão em situação fundiária irregular. Nas terras legalmente demarcadas pelo Estado brasileiro, com natalidade mais alta, está a maioria dos índios, 490 mil. “Enquanto 84,4% da população nacional reside em centros urbanos, o percentual de índios na mesma situação é 36,2%, revelando, assim, estreito vínculo com a terra”, atesta.
A publicação reforça que a população indígena cresceu de 294 mil para 734 mil entre 1991 – quando o IBGE começou a recensear esta população – e 2010 – quando incluiu perguntas específicas como a língua e etnia indígena. O aumento, segundo o órgão, não se deve apenas à natalidade, mas “as pessoas que se reconheceram como indígenas, principalmente nas áreas urbanas”.
O folder será distribuído pela Fundação Nacional do Índio (Funai), parceira da iniciativa, em unidades e aldeias. O IBGE também disponibilizará a publicação em seu site.
* Colaborou Isabela Vieira, do Rio de Janeiro
Edição: Carolina Pimentel
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