De Monica Yanakiew
Enviada Especial da Agência Brasil/EBC
Assunção – A dois dias das eleições presidenciais de domingo (21), no Paraguai, dois candidatos estão disputando palmo a palmo a liderança de votos do eleitor: o empresário Horacio Cartes, do Partido Colorado, e o ex-ministro Efraín Alegre, do Partido Liberal Radical Autêntico (atualmente no governo). Segundo Francisco Capli, da consultora First Analysis, a diferença entre os dois é "cerca de 2%", conforme pesquisas produzidas pela empresa, o que implica empate técnico.
"Nunca vi uma eleição presidencial tão disputada no Paraguai. Cartes estava liderando as pesquisas mas, de última hora, Alegre fez uma aliança com outro partido e hoje não se pode garantir a vitória de um ou de outro candidato", disse Capli, em entrevista à Agência Brasil. No Paraguai, os resultados de pesquisas eleitorais não podem ser divulgados nos últimos 15 dias antes das eleições.
Ontem (18), no ultimo dia de campanha, simpatizantes de Cartes e Alegre organizaram caravanas de carros pelas ruas de Assunção, tocando buzina e interrompendo o trânsito na capital paraguaia. Os colorados acenavam com a bandeira vermelha do partido, que governou o pais durante 61 anos (35 deles em ditadura), até ser derrotado em 2008. Os liberais assumiram como próprias as cores da bandeira nacional: azul, vermelha e branca.
Estima-se que 10% dos 3,5 milhões de eleitores estão indecisos. Para a maioria dos analistas políticos, a eleição vai ser disputada. “Foi uma campanha polarizada, marcada pela troca de acusações”, disse à Agencia Brasil Enrique Chase, do centro de pesquisas de opinião ICA.
“Cartes foi acusado de narcotráfico, lavagem de dinheiro e contrabando. Alegre foi acusado de má administração e malversação de dinheiro publico. Não há provas, mas as suspeitas estão aí e quem pode se beneficiar é uma terceira força, de esquerda”.
A terceira força seria o jornalista e conhecido apresentador de televisão Mario Ferreiro, candidato do movimento Avança País, que aparece como terceiro nas pesquisas de opinião. Ele promete dar continuidade ao processo iniciado por Fernando Lugo (o ex-bispo de esquerda, eleito presidente em 2008 e destituído por impeachment relâmpago em junho de 2012) e anuncia que não fará acordos com colorados e liberais. Mas ele, tampouco, tem o apoio de Lugo, que é candidato ao Senado por sua própria agrupação política, Frente Guassu. “Se a esquerda se unir depois das eleições, poderá constituir uma força política importante”, diz Chase.
A preocupação agora é garantir a tranquilidade, depois de uma eleição tão disputada. Observadores internacionais já estão em Assunção para acompanhar de perto a votação. No domingo, vão ser eleitos, além de presidente e vice, deputados federais, senadores e governadores. No Paraguai, não existe segundo turno: o presidente pode ser eleito mesmo que obtenha menos de 50% dos votos válidos.
“Até agora, a situação está tranquila. Espero que a eleição deságue no reingresso do Paraguai no Mercosul, no Parlasul e na consolidação de nosso bloco regional”, disse à Agência Brasil o senador Roberto Requião (PMDB), um dos observadores internacionais que estão no país.
O Paraguai foi suspenso do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) depois da destituição de Lugo, em processo que foi questionado pelos governos vizinhos. Apesar de o impeachment estar previsto na Constituição paraguaia, o processo político foi realizado em menos 48 horas e Lugo teve apenas duas horas para se defender. Ele foi substituído por seu vice, Federico Franco, do Partido Liberal Radical Autêntico.
Edição: Davi Oliveira
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