Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O senador Jorge Viana (PT-AC) vai pedir à presidenta Dilma Rousseff que envie uma equipe interministerial para a cidade de Brasileia (AC), a fim de tratar da situação de refugiados do Haiti, Senegal, Bangladesh e República Dominicana que estão na cidade. Viana disse ter conversado com os ministros de Relações Exteriores, Antonio Patriota, e da Justiça, José Eduardo Cardozo, e eles se comprometeram a tomar providências.
“A situação é da maior gravidade. Vou pedir amanhã (9) à presidenta Dilma que mande uma equipe lá, de vários ministérios. Seria bom que o ministro da Justiça fosse lá ver. O governo do estado não tem condição de lidar com os refugiados, precisa de uma ação coordenada do Ministério da Justiça e de Relações Exteriores”, disse o senador em discurso no plenário do Senado.
Jorge Viana ressaltou que uma rota de tráfico de pessoas foi identificada na região e que a ajuda aos imigrantes é uma questão de humanidade. Ele contou casos de mulheres grávidas e pessoas saqueadas durante a viagem, que não têm nenhum dinheiro ou condição de sobreviver no Brasil. “É uma situação que eu nunca vi. Fui governador do estado e nunca vi nada parecido. É a feição humana da miséria”, disse.
Segundo o senador, são pessoas muitas vezes qualificadas, que falam vários idiomas e que são mandadas pela família para se estabelecerem no país e ajudarem os demais. A rota passa por Equador, Bolívia e Colômbia e muitos deles não ficam no Brasil, porque têm como destino final a Guiana Francesa. “Tem que ter um entendimento, principalmente com a Chancelaria do Equador, porque é por lá que eles estão entrando”, disse.
Jorge Viana alertou os demais senadores para quatro grupos de máfia que atuam no tráfico humano de pessoas para o Brasil e disse que são 1.300 refugiados no Acre. De acordo com ele, 10% da população da cidade de Brasileia são imigrantes em situação crítica, inclusive mulheres grávidas. “Trago um apelo para que a gente faça algo humanitário”, disse no plenário.
Diversos senadores concordaram com a necessidade de que sejam tomadas providências. O senador Paulo Paim (PT-RS) lembrou que é dever de todos os estados ajudar. “É preciso que outros estados também assumam seus compromissos com o acolhimento destes homens e mulheres”, disse.
Os imigrantes de Haiti, Senegal, República Dominicana e Bangladesh preocupam o governador do Acre, Tião Viana, que pediu um levantamento sobre a entrada ilegal no estado. O governo brasileiro adotou política de liberar 100 vistos por dia para os refugiados, em especial os haitianos, mas tanto os senadores, quanto o governo do estado alegam que não tem sido suficiente para conter a entrada deles e pedem providências mais enérgicas e diálogo com outros países da fronteira amazônica, uma das rotas de tráfico de pessoas.
Edição: Beto Coura
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