Aline Leal
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Cerca de 400 médicos vão hoje (2) ao Senado Federal discutir com os congressistas temas que consideram os principais gargalos da saúde pública brasileira. Distribuição de médicos, revalidação de diploma e investimentos na saúde pública estão entre os assuntos a serem tratados.
Para Carlos Vital, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), a cultura do meio médico atual faz com que os profissionais não confiem em contratos oferecidos por algumas prefeituras, mesmo com valores altos, o que dificulta a interiorização da saúde. “O médico não tem confiança nesses vínculos superprecários, que são estabelecidos com essas prefeituras no interior do país e até mesmo em regiões metropolitanas”, conta o médico.
Em entrevista à Agência Brasil, Vital disse que não concorda com a alternativa estudada pelo governo de atrair médicos estrangeiros para atuar nos locais de difícil provimento. “Pobre do país que precisa importar médicos para atender seus cidadãos. Alguma coisa está errada” avalia. Ele diz que o número de médicos no país é suficiente para suprir as necessidades. Apesar disso, aprova o Revalida, teste pelo qual os médicos formados no exterior passam para poder exercer a profissão no Brasil.
Segundo Vital, os cursos de medicina estão sendo abertos “indiscriminadamente” e em 2025 vai haver número excessivo de médicos no país.
O representante do CFM citou ainda o que considera outro problema de saúde pública: “[alguns] secretários municipais não têm a capacidade de fazer projetos para usar o dinheiro disponibilizado pelo governo”. Vital defende que o país precisa de uma Escola Nacional de Políticas do SUS, para que secretários de Saúde saibam como utilizar os serviços e recursos que o governo disponibiliza para as prefeituras.
Edição: Denise Griesinger
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