Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A instabilidade na economia internacional desde o fim do ano passado, com disputas políticas que impõem cortes no Orçamento dos Estados Unidos e as turbulências no Chipre, fizeram o Tesouro Nacional adiar a emissão de títulos federais no exterior. Segundo o secretário do órgão, Arno Augustin, as turbulências externas não criaram o clima apropriado para o Brasil lançar papéis nos mercados internacionais.
De acordo com Augustin, se o governo brasileiro emitisse papéis no exterior neste momento, o país teria de arcar com juros maiores para os títulos brasileiros. “Não fizemos as emissões externas porque o quadro tem sido volátil. As emissões precisam construir a melhor curva possível de juros. Não podemos fazer isso em momentos de instabilidade e aceitar taxas maiores”, disse o secretário.
Por meio das emissões de títulos da dívida externa, o governo pega dinheiro emprestado dos investidores internacionais com o compromisso de devolver os recursos com juros. Taxas menores de juros indicam menor grau de desconfiança dos investidores de que o Brasil não conseguirá pagar a dívida.
Segundo o secretário, atualmente o Brasil não capta recursos no exterior com o objetivo de se financiar nem de aumentar as reservas internacionais, mas para obter as menores taxas de juros possíveis que favoreçam as empresas brasileiras que também forem lançar títulos no mercado internacional. “A curva [de juros] do Tesouro Nacional é a base para a curva das empresas que forem captar no exterior”, disse Augustin.
A última vez que o Brasil emitiu títulos no exterior foi em setembro do ano passado. Na ocasião, o Tesouro Nacional captou US$ 1,35 bilhão em títulos com vencimento em 2023 e obteve a menor taxa de juros da história, 2,686% ao ano. Em dezembro, o Tesouro Nacional anunciou que pretendia fazer uma nova emissão em dólares, mas ainda não havia encontrado oportunidade para fazer a operação.
O secretário também comentou a avaliação da agência de classificação de risco Fitch, que advertiu que não elevará a nota do Brasil se o país não voltar a crescer. “Estou tranquilo em relação à solidez fiscal do Brasil e às reações do mercado a ela”, disse. Segundo Augustin, a recuperação da economia neste ano se refletirá nas contas públicas.
Edição: Fábio Massalli
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