Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Dar uma profissão aos cerca de 2 mil moradores em situação de rua da cidade é o que pretende um programa lançado hoje (25) pela prefeitura de São Paulo em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Os cursos, com turmas de 200 alunos, começam em abril e terão a duração de dois meses.
“Queremos aprender a desenvolver tecnologias sociais novas, encontrar soluções alternativas que não seja a mera repressão, que não é solução para nada. Ao final do curso, o trabalhador certificado vai também ter o apoio da prefeitura na intermediação com o mercado. Vamos buscar empresas para que essas pessoas também possam ser empregadas, inclusive pelos prestadores de serviço da própria prefeitura”, disse Haddad, após o lançamento do programa, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
Os cursos oferecidos fazem parte do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Os inscritos poderão escolher a profissão de almoxarife, auxiliar administrativo, confeccionador de bolsa em couro e material sintético, confeccionador de bolsas de tecido, mecânico de bicicleta, mecânico de motores a diesel, padeiro, pedreiro de alvenaria estrutural, eletricista, instalador predial de baixa tensão, encanador, pintor de imóveis, vidraceiro, e aplicador de revestimento cerâmico.
Além de oferecer os cursos gratuitamente, o Senai irá pagar uma bolsa aos alunos. Eles deverão receber R$ 2 por hora-aula. Como os programas terão, no mínimo, 160 horas, as bolsas serão de ao menos R$ 320 para os que frequentarem integralmente o curso. O recurso será pago em vale-transporte e em vale-alimentação. O Senai irá oferecer ainda uma segunda bolsa, também de R$ 320, para os alunos que obtiverem boa avaliação.
“Estamos muito conscientes de que os alunos vão aprender a executar essas tarefas em um programa sob medida, muito relacionado com postos de trabalho disponíveis no mercado. Há uma preocupação de fazer uma articulação para que se possa colocar as pessoas quase que imediatamente em condição de trabalho”, disse o diretor do Senai, Walter Vicioni Gonçalves.
Segundo o censo da população em situação de rua da prefeitura paulistana feito, em 2011, pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, 14.478 pessoas vivem em situação de rua na cidade, sendo que mais da metade (55,3%) estão concentradas na região central da capital. Depois vem a zona leste, com 22,3%.
“O programa vai trazer essa população de volta à cidadania, à dignidade, ao respeito, e uma cidade includente e não excludente”, disse o coordenador do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), Anderson Lopes Miranda.
Edição: Aécio Amado
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