Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O grande congestionamento de caminhões ao longo da Rodovia Cônego Domênico Rangoni (conhecida como Piaçaguera-Guarujá), na Baixada Santista, para descarregar no Porto de Santos, é resultado “da logística insuficiente das operações de granel”, disse hoje (22) o diretor de Operações da Santos Brasil Participações (prestadora de serviços de infraestrutura portuária e logística), Caio Morel.
“Os caminhões graneleiros carregam em Mato Grosso em desacordo com o que os terminais aqui possam receber”, ressaltou Morel em entrevista hoje (22) à Agência Brasil. O que ocorre, segundo ele, é que parte da carga de soja, antes embarcada pelo Porto de Paranaguá (no litoral do Paraná), passou este ano a ser embarcada pelo Porto de Santos. E o problema se agrava, de acordo com Morel, por causa dessa logística da safra de grãos.
“A rodovia é feita para o fluxo ser contínuo. O porto aqui tem capacidade para receber essa carga que está sendo movimentada. O problema é que o tráfego de granel (quando a mercadoria é transportada sem necessidade de embalagem ou acondicionamento tais como grãos, cereais, carvão, fertilizantes e sal) não tem logística. Então os caminhões vem para cá, para o porto, sem programação. E os terminais não conseguem atender. E quando os terminais não conseguem atender, os caminhões param na estrada e isso acaba causando muito congestionamento”, explicou.
De acordo com a Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes, os congestionamentos na Rodovia Cônego Domênico Rangoni, principal via de ligação portuária para chegar à margem esquerda do terminal do Porto de Santos, tem apresentado congestionamentos constantes, em média, de 20 quilômetros.
Para Morel, uma das soluções para o problema seria o uso de pátios reguladores nos terminais de granel. “Nem todos os terminais graneleiros estão usando os pátios reguladores. O que é o pátio regulador? O caminhão sai lá da origem, vai para o pátio regulador e só vai para o porto quando recebe a confirmação do terminal de que será atendido. Alguns terminais de granel não estão usando os pátios reguladores e, então, os caminhões vêm para a zona portuária congestionando as vias. Com a utilização dos pátios, essa situação poderia se amenizar”, disse. Morel defende também que sejam criados mais pátios de estacionamento e que se invista em silos e armazenagem.
Ontem (21), atendendo a uma ação civil pública do Ministério Público, a Justiça de São Paulo proibiu, em caráter liminar, que os caminhões continuem estacionando no acostamento da Rodovia Cônego Domênico Rangoni. A decisão foi assinada pelo juiz Ricardo Fernandes Pimenta Justo, do Guarujá.
Em sua decisão, o juiz deu o prazo de 48 horas para que a Santos Brasil Participações adote medidas necessárias para impedir que os caminhões, com destino aos seus terminais de contêineres, parem ou estacionem no acostamento e vias de rolamento da rodovia, sob pena de multa de R$ 50 mil por caminhão que descumprir a decisão. Para o juiz, a empresa usa a “estrada como área de estacionamento”, em vez de “reduzir o número de agendamentos diários de caminhões ou disponibilizar um local adequada para o estacionamento”.
Segundo o diretor da empresa, a Brasil Santos tem um fluxo ordenado de operações, todas elas agendadas. Além disso, segundo ele, a empresa tem um bolsão de estacionamento com capacidade para 250 caminhões. “Esse bolsão está vazio porque os caminhões não conseguem chegar aqui na Santos Brasil”, disse. Morel informou que a empresa ainda não foi notificada sobre a decisão, mas que pretende recorrer. “Ainda não fomos notificados, mas assim que isso ocorrer pretendemos pedir imediatamente a cassação dessa liminar”, declarou.
Edição: Aécio Amado
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