Leandra Felipe
Correspondente Agência Brasil/EBC
Bogotá - Em meio às negociações de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo, o presidente colombiano Juan Manuel Santos intensificou as viagens pelo interior do país em busca de apoio de governadores e prefeitos ao processo de paz. A Agência Brasil apurou que, só no mês de fevereiro, o presidente visitou 20 cidades no país.
Além da entrega de moradias e assinatura de contratos para obras sanitárias e de infraestrutura, em suas viagens, Santos têm feito reuniões com lideranças locais para pedir apoio ao processo de paz e divulgar, em âmbito regional, o andamento das negociações.
Na quinta-feira (28), por exemplo, ele se reuniu em Quibdó, capital de Chocó, no Pacífico colombiano, com os prefeitos das capitais dos 32 departamentos do país. No evento, Santos pediu apoio aos dirigentes municipais e informou a eles o andamento das negociações de paz, em Havana, Cuba.
“Os prefeitos reiteraram seu apoio ao processo de paz. E eu disse a eles como é importante que façam a pedagogia do processo, ou seja, que expliquem à população como funciona a mesa de negociações e por que tomamos a decisão de negociar em meio ao conflito” destacou, após o término da reunião com os prefeitos.
Além de pedir apoio aos prefeitos, Santos tem enfatizado em seus discursos à população que o fim do conflito é indispensável ao desenvolvimento do país. “Vamos trocar a batalha das armas pela Batalha das Flores, para que todos se divirtam e possam viver felizes e em paz”, disse durante visita ao carnaval de Barranquilla, no litoral do caribenho, no dia 9 de fevereiro. Ele se referiu ao famoso desfile na cidade chamado de Batalha das Flores.
Para analistas, com o processo de paz feito fora do país e com a decisão de negociar sem um cessar-fogo bilateral, o governo precisa explorar o tema regionalmente para aproximar a população das discussões.
O cientista político Victor Currea-Lugo, da Pontífica Javeriana da Colômbia, explicou à Agência Brasil que a população tem dificuldade de entender as regras da mesa de negociação e a continuidade da guerra ao mesmo tempo em que se negocia. “O governo ainda enfrenta vozes contrárias à negociação, especialmente na extrema direita. A pressão contrária afeta os ânimos da população, que precisa entender o que está acontecendo.”
De acordo com Currea-Lugo, para a opinião pública é difícil compreender que o processo não é contínuo. “Um avanço não significa que a paz será alcançada, assim como um momento de tensão não quer dizer que o processo esteja fadado ao fracasso”, ponderou.
Enquanto o processo avança, Santos trabalha em seus últimos 14 meses de mandato. Depois da aprovação acima de 60%, obtida em meados do ano passado, Santos agora apresenta um momento de baixa popularidade.
Edição: Talita Cavalcante
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