Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Pela segunda vez em São Paulo, a arte urbana vai deixar seu espaço tradicional, as ruas e os muros das cidades, para se instalar no Museu Brasileiro da Escultura (Mube). A 2ª Bienal Internacional Graffiti Fine Art tem início no dia 22 de janeiro e permanece no Mube até 24 de fevereiro, apresentando diversos estilos, técnicas e conceitos do grafite.
“A bienal, conceitualmente, mostra as diferentes formas de arte existentes no mundo e toda a revolução que o grafite [graffiti] tem colocado nesse universo. O próprio nome dela, Graffiti Fine Art, cria um questionamento: se é grafite por que não pode ser fine art [produção artística realizada por impulso artístico ou estético, sem objetivo documental ou publicitário]?”, disse o artista e curador da bienal, Binho Ribeiro, em entrevista à Agência Brasil.
A intenção da bienal é fazer com que o Mube se transforme em uma imensa galeria de rua. “É como se elas [as pessoas] fossem a uma galeria de rua, como se fossem dar uma volta na Vila Madalena [tradicional bairro de São Paulo que tem muitas galerias e ateliês], só que de maneira bastante organizada no sentido de que se tem uma iluminação específica e uma individualidade de obras”, destacou o curador.
Para a bienal, Ribeiro selecionou obras inéditas de 50 artistas nacionais e estrangeiros já reconhecidos na arte urbana mundial, tais como Kongo e Daze e os brasileiros Speto, Finok e Minhau, esse último responsável por construir um gato em madeira com cerca de 4 metros de altura que será instalado no evento. Painéis, instalações, telas, fotografias, pinturas e esculturas vão compor a bienal deste ano. “O foco da bienal é o universo artístico, os grafiteiros que ocupam galerias, fazem exposições e têm importância na cena do grafite mundial”, disse ele.
A primeira edição da bienal ocorreu em 2010 e apresentou a história do grafite no Brasil e no mundo. “No mundo inteiro, o grafite tem duas vertentes: a street art, com formação e influência da Europa, de cidades como Paris e Londres, no fim dos anos 1960; e o grafite que veio de Nova York, que tem também a companhia da cultura hip hop", explicou Ribeiro. Em São Paulo, no entanto, o grafite se caracteriza pela originalidade e pela pluralidade de formas e ideias.
"A própria dificuldade que tivemos, há 30 anos, para receber material, fotografias, referência, história e entender a origem do grafite americano que se tornou [a base do] grafite mundial fez com que nossa vontade de pintar fosse maior do que a capacidade que a gente tinha para buscar informação. Éramos muito jovens, eu, OsGemeos, Speto, entre outros. Isso fez com que São Paulo assumisse características diferentes de todo o mundo. São Paulo é hoje referência do grafite mundial. Diversos e grandes nomes vêm para cá não só para pintar junto com os artistas, o que é uma característica bacana no mundo inteiro, mas também para absorver o que estamos produzindo. Esse desprendimento que temos hoje se tornou uma grande referência”, disse o artista e curador.
Para este ano não foi definido um tema para a bienal. “Ela [a bienal] não tem um tema, mas continua com a mesma proposta de liberdade de criação por parte dos artistas”, disse Binho. Além das obras, o evento também contará com projeção de filmes, sessões de autógrafos e pinturas ao vivo em alguns espaços da cidade, tais como em estações de trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
A entrada na bienal é gratuita. Mais informações podem ser encontradas em www.mube.art.br ou pela página do evento no Facebook https://www.facebook.com/pages/2%C2%BA-Bienal-Graffiti-Fine-Art/341454232605380?fref=ts.
Edição: Graça Adjuto
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