Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Na capital mineira, cerca de 83 casas da Vila UFMG foram desapropriadas para as obras do BRT (sigla em inglês para Bus Rapid Transit), de acordo com a prefeitura de Belo Horizonte. "Algumas famílias conseguiram outras moradias a 30 quilômetros daquele local. Pelo valor da indenização, foi onde eles conseguiram. Isso muda completamente a vida e as relações sociais dessas pessoas", critica Fidélis Alcântara, escritor e integrante do Comitê Popular da Copa Belo Horizonte.
A prefeitura da capital mineira informou ainda, por meio de nota, que as famílias foram indenizadas no valor do imóvel ou reassentadas em apartamentos construídos pelo município. Não foi informado, no entanto, o valor pago às famílias. "Tratava-se de uma ocupação ilegal em uma área informal, ou seja, os imóveis não eram regularizados. A prefeitura fez um estudo completo antes do desenvolvimento dos projetos de mobilidade urbana, priorizando as opções que gerassem menos impacto para a população e mais benefícios para a cidade", justifica, por meio de nota, a prefeitura.
Em abril do ano passado, o processo de remoções desencadeado por megaeventos esportivos e megaprojetos de infraestrutura no país foi tema de relatório da professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP), Raquel Rolnik, que é relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à moradia adequada. O documento contabiliza, com base em informações oficiais, relatos de organizações populares e veículos de comunicação, pelo menos 70 mil famílias ameaçadas de remoções nos próximos anos.
Edição: José Romildo