Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os desembolsos acumulados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em apoio à exportação somaram US$ 5,1 bilhões (R$ 10,1 bilhões) até novembro deste ano. O número se aproxima do total liberado pela instituição para exportações no ano passado (R$ 11,4 bilhões), disse à Agência Brasil a superintendente da Área de Comércio Exterior do banco, Luciene Machado.
O destaque, em 2012, tem sido o apoio às exportações vinculadas a projetos de infraestrutura no exterior. “Ao longo dos últimos anos, temos desenvolvido uma carteira de projetos e isso vai se refletindo em desembolsos bastante robustos. Devemos terminar o ano com mais ou menos US$ 1,5 bilhão, ou o correspondente a R$ 3 bilhões, nesse segmento. Talvez seja, individualmente, o que mais se destaca”, informou.
As operações estão concentradas em projetos de infraestrutura na América Latina e na África, entre os quais obras de hidrelétricas, aquedutos, gasodutos, operações de transporte, metrôs, rodovias, ferrovias, parques eólicos. “É um conjunto bastante diversificado”.
Nos últimos três ou quatro anos, a participação média anual do comércio exterior nos desembolsos totais do banco tem ficado entre 10% e 15% por ano, revelou Luciene Machado. Ela lembrou que há dez anos, quando o banco não tinha tantas atribuições como atualmente - quando participa, inclusive, da política industrial do governo federal - o apoio à exportação chegou a responder por 20% a 25% do total liberado.
Para a superintendente, a participação da área de comércio exterior nos desembolsos do banco no próximo ano não deve aumentar. “É uma coisa que não deve acontecer, porque existem todas essas outras atividades a desempenhar”. Outro fator que deve contribuir para isso é a manutenção do cenário externo adverso, que mostra ainda elevadas oscilações e incertezas, disse.
“É por isso que a gente, de alguma forma, comemora ter podido manter os desembolsos e, portanto, sustentado as exportações em níveis mais ou menos equivalentes aos do ano passado. Porque as incertezas são de fato maiores e isso faz, além de tudo, que a concorrência externa se acirre, que países desenvolvidos lancem outros mecanismos”. A expectativa, segundo ela, é de que em 2012 as liberações de recursos para apoio às exportações fiquem estáveis em comparação a 2011.
Para 2013, a projeção ainda é de cenário difícil, com crescimento pequeno em relação a este ano ou estabilidade em termos de valores em dólar, para “expurgar o efeito da taxa de câmbio nos desembolsos”. Em termos de percentual nos desembolsos, Luciene trabalha com a perspectiva de manutenção do nível atual, entre 10% e 15%. O desembolso anual do banco está previsto em R$ 150 bilhões este ano.
Exportações de projetos na área de infraestrutura e de bens de capital (equipamentos e máquinas para a indústria) devem concentrar boa parte da atenção do BNDES no ano que vem, confirmou Luciene. “Há uma vertente muito forte, porque o conjunto de projetos que temos hoje no portfólio é bastante representativo. Vamos ver desembolsos de operações já contratadas, que são bastante expressivas”. A previsão é elevar, no próximo ano, a fatia de R$ 3 bilhões esperada para 2012, nesse segmento.
Dentro da pauta de exportação brasileira financiada pelo banco, os projetos de infraestrutura e material de transporte são os setores de competitividade destacada, principalmente na América Latina e na África. Os principais produtos exportados com suporte financeiro do BNDES são ônibus, caminhões, aviões, máquinas rodoviárias, maquinário agrícola, equipamentos de geração e transmissão de eletricidade, carros de metrô.
Luciene destacou também que as construtoras brasileiras têm alcançado sucesso com suas estratégias de internacionalização na América Latina principalmente, atuando não só como exportadoras mas como investidoras. “Isso estamos vendo pela capacidade delas de conseguir contratos junto a governos e a investidores privados”.
O mercado africano vem se abrindo para projetos de empresas do Brasil, destacou a superintendente do BNDES. “Já é um mercado conhecido e de interesse de algumas empresas. Achamos bastante importante essa atuação pela capacidade que projetos dessa natureza têm de carrear outras exportações brasileiras associadas”. Isso se aplica, especialmente, a empresas exportadoras de menor porte que, sozinhas, não teriam condições de inserção no mercado internacional mas que, por meio desses pacotes, conseguem colocar seus produtos nesse mercado.
A tendência, estimou Luciene, é diversificar as exportações na África, que começaram pelos países lusófonos (de língua portuguesa), como Moçambique e Angola, e que vão chegando aos poucos a outros países, entre os quais o Quênia, Gana e a África do Sul. “São mercados que estamos trabalhando em algumas operações. É um trabalho de mais longo prazo talvez, mas no qual já vamos começar a ver resultados”.
Os desembolsos do BNDES para projetos de infraestrutura na África somaram US$ 460 milhões em 2011 e devem atingir cerca de US$ 630 milhões neste ano. “Então, acreditamos que no ano que vem essa trajetória continue ascendente e responsável por fazer a carteira de serviços de engenharia e de projetos de infraestrutura continuar crescendo”.
As operações do BNDES na área do comércio exterior apresentam duas grandes linhas de financiamento. São elas: embarque, para financiamento de capital de giro voltado à produção que vai ser exportada, e pós-embarque, que é o financiamento de longo prazo para compradores de bens e serviços brasileiros.
Edição: Tereza Barbosa