Mariana Tokarnia e Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – É possível melhorar a segurança energética brasileira e evitar apagões sem que isso represente aumento na conta de luz. A afirmação do presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, foi feita hoje (19), um dia após o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, ter dito que o país não tem como fazer todas as obras recomendadas para garantir a segurança energética, sob pena de elevar o custo de tarifa.
“Claro que não estamos com o setor elétrico funcionando na sua normalidade e que há fragilidades do sistema que têm de ser resolvidas, mas não podemos cair na armadilha de sair justificando todos os investimentos em função de um problema conjuntural de falta de energia. No nosso entendimento, podemos melhorar muito [o sistema] e evitar apagões sem que isso resulte em aumento de custo”, disse Pedrosa durante almoço com jornalistas.
A Abrace apresentou à Agência Brasil algumas sugestões. “Há diversos caminhos e possibilidades sem cairmos no erro de achar que a solução seja, sempre, mais e mais investimentos. Em primeiro lugar, se o serviço não foi prestado adequadamente é porque algo não está de acordo com o planejado. Em parte, isso pode ser resolvido com transparência, para identificar os motivos reais, e fiscalização”, disse Pedrosa.
O dirigente inclui, entre as sugestões apresentadas, choques de gestão para todas as partes envolvidas – em especial, grandes consumidores e os setores de geração, transmissão e distribuição de energia. “Infelizmente há regras no setor que não estimulam esse movimento. Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] ou ONS poderiam fazer leilões de redução de consumo, prática que é comum em outros mercados, que beneficiassem [grandes] consumidores que se comprometessem a consumir menos [em períodos estratégicos]”, disse.
“Seria interessante também que os industriais que fabricam produtos estocáveis planejassem picos de produção, levando em consideração a disponibilidade de energia em determinados momentos”, disse. Dessa forma os picos de energia poderiam ser diminuídos, de forma a evitar o acionamento de “usinas caras” em situações como a atual, onde diversas termelétricas tiveram de ser ligadas.
Outra sugestão apresentada pela Abrace é evitar que os investimentos sejam feitos “em ritmo emergencial”, o que também resulta em aumento de custos. “Nós priorizamos a eficiência econômica. O setor de energia é um setor competitivo e deve ser tratado como tal. Não podemos aceitar altas tarifas com a desculpa de segurança energética. É possível garantir a segurança e continuar sendo competitivo”.
Edição: Fábio Massalli