Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A segurança fora e ao redor dos locais onde serão disputadas as copas das Confederações (2013) e do Mundo (2014) e as Olimpíadas de 2016 deve receber tanta atenção quanto dentro dos estádios, por causa do risco de atentados contra essas instalações. Essa é a opinião do comandante do Grupamento de Operações de Produtos Perigosos (Gopp) do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, tenente-coronel André Morgado, um dos participantes do 1º Simpósio Internacional de Emergências com Produtos Perigosos, que ocorre até amanhã (12) na sede da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Para Morgado, a integração entre os órgãos de segurança é fundamental, tendo a defesa civil estadual como centro de comando. Porém, segundo o comandante, o planejamento para essas ações nos eventos esportivos está atrasado no Brasil, pois os prazos não foram cumpridos e a situação se agrava devido à demora na compra de equipamentos necessários, em decorrência das exigências da Lei de Licitações.
“Quando se pensa num evento como um jogo de futebol, é preciso lembrar que, para chegar até lá, as pessoas usarão transportes, como metrô e trem, e até agora não fizemos nenhum treinamento integrado entre as forças de segurança para agir em situações de emergência. O que houve foram apenas treinamentos pontuais e isolados de alguns órgãos de segurança”, disse.
O coronel considera que, no Rio de Janeiro, a maior preocupação em relação aos produtos perigosos é com possíveis ameaças às instalações da indústria petroquímica, como a Refinaria Duque de Caxias. “Digo isso porque essas instalações podem ser alvo de um atentado para desviar a atenção do verdadeiro objetivo, que seria o estádio esportivo, e que seria então atacado com mais facilidade”, disse o coronel Morgado.
Segundo o comandante, é necessário também fortalecer os centros de Comando e Controle dos Grandes Eventos, inclusive com a participação da rede de saúde pública, pensando em um atendimento rápido para possíveis vítimas.
O tenente-coronel Morgado citou episódios em que Gopp atuou no Rio de Janeiro. Um deles foi na Favela de Irajá, próximo à Ceasa, quando um grupo de moradores retirou ascarel, óleo altamente tóxico e cancerígeno de transformadores desativados do metrô, e passou a usar o produto químico para cozinhar, inclusive para fritura de bolinhos vendidos no comércio local.
“Deu muito trabalho para convencer os moradores da comunidade que não poderiam usar aquele óleo na cozinha, pois ninguém admitia que tinha retirado o ascarel dos transformadores”, contou.
Edição: Carolina Pimentel