Pedro Peduzzi, Daniel Lima e Danilo Macedo
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O empresário Eike Batista classificou o programa de beneficiamento do setor portuário, anunciado hoje (6) pelo governo federal, como “um sonho”. Segundo ele, ao colocá-lo em prática e, especialmente, ao favorecer a interligação com o modal ferroviário, o país terá “um choque de produtividade”.
“Esse plano é um sonho porque conecta tudo. Será um choque de produtividade no Brasil porque nossa logística é caríssima. Pagamos três vezes o preço para manuseio de contêineres nos portos”, disse o empresário, ao comparar o custo dos serviços portuários brasileiro com o de Singapura.
Segundo ele, o plano muda "o conceito" do sistema portuário. “É conectando tudo que baixamos o custo. Um porto grande pode trazer navios gigantes, com volumes enormes no contêiner. Isso torna o custo unitário menor. Mas tem de ter estrutura para atracar [esse tipo de navio]”, disse ele. “Não faltou nada [no plano]”, concluiu.
Já o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, achou que faltou, sim, uma medida: o funcionamento dos portos em turno contínuo. “Os resultados começarão a aparecer, principalmente caso os portos 24 horas sejam implementados”, disse.
Ainda assim, no entanto, o presidente da Firjan avaliou positivamente as medidas anunciadas, e disse que elas surtirão efeito já entre 2013 e 2014.“É importante entender que nós estamos redesenhando o Brasil. Imagine, daqui a alguns anos, uma ferrovia trazendo mercadorias, como minérios e grãos, de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, para o litoral, de forma que possamos processar nos portos ou exportá-los como matéria-prima. Isso agregará valor para o país”, argumentou.
Eduardo Vieira disse que o gargalo dos portos tem prejudicado a economia brasileira. “Não é possível aceitarmos aquelas filas quilométricas de caminhões perto da safra de grãos, em Paranaguá, por exemplo. Isso é custo Brasil, um desperdício de valores”, argumentou.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, por outro lado, disse que é difícil calcular o impacto direto das medidas anunciadas sobre o Produto Interno Bruto (PIB). “Mas acho que o impacto do investimento sobre o PIB deverá ser algo em torno de 0,2 ponto percentual [na taxa de crescimento ao ano]”, estimou.
Para o presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, o plano terá facilidade para receber investimentos privados porque está “em linha” com o que a entidade e a iniciativa privada sempre defenderam.
“Vai despertar interesse porque terá marco regulatório estável, transparente e claro, além de segurança jurídica dos contratos e realismo econômico. Aí, dinheiro e segurança financeira aparecem. Certamente não haverá problemas de recursos”, disse Godoy. “Agora é velocidade de gestão, é o desafio de fazer isso com velocidade”, completou.
Edição: Davi Oliveira