Primeira oficial-general das Forças Armadas recebe promoção no Rio

26/11/2012 - 14h32

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Passados 31 anos desde o ingresso das primeiras mulheres na Marinha do Brasil, as Forças Armadas do país ganharam hoje (26) a primeira mulher oficial-general da sua história. Médica anestesista, Dalva Maria Carvalho Mendes, 56 anos, foi promovida de capitão-de-mar-e-guerra para contra-almirante médica da Marinha em cerimônia realizada no Hospital Naval Marcílio Dias, zona norte do Rio.

“É como se estivesse renovando votos de casamento com a Marinha, [sinto-me] uma noiva ansiosa, feliz e emocionada, sinto muita honra”, declarou. A expectativa da primeira oficial-general brasileira é que sua nomeação dê às mulheres cada vez mais espaço dentro da corporação. “Eu espero ser um exemplo [para as outras mulheres da Marinha]”, disse.

A contra-almirante informou que o novo posto será na Escola Superior de Guerra, onde vai contribuir para a melhoria do conhecimento de gestão. Acima de Dalva, cujo posto representa duas estrelas do generalato, está o comandante da Marinha, Julio Soares de Moura Neto, almirante de esquadra, com quatro estrelas.

A contra-almirante, que negou ter sofrido preconceito entre os colegas homens, defendeu a capacidade das mulheres para assumir novos postos nas Forças Armadas. Atualmente, as mulheres são 33% do quadro de oficiais e 6,8% dos praças da Marinha, fazendo parte dos corpos de Engenheiros, de Saúde, de Intendentes e Auxiliar, além do Corpo Auxiliar de Praças.

“Estamos mostrando que temos capacidade e com certeza teremos o respeito de todos. Nós [mulheres] estamos mudando, é uma geração toda que está chegando aí. Tenho tido contato com outras colegas das outras Forças e todas estão bastante entusiasmadas com esta possibilidade [de almejar o posto de oficial-general]”.

Viúva, mãe de dois filhos, Dalva fez parte do primeiro grupo de mulheres a ingressar na corporação, em 1981, feito então inédito entre as três Forças. Anestesista, a nova contra-almirante médica exerceu a maior parte da carreira no Hospital Naval Marcílio Dias, ocupando funções técnicas e administrativas.

A filha de Dalva, Luciana Carvalho, 27 anos, seguiu a carreira da mãe e hoje é primeiro-tenente do quadro técnico da Marinha. Ela se disse orgulhosa de ver sua mãe fazendo história. “É uma sensação diferente, indescritível, pois é uma situação que até então nunca tinha visto”, comentou. Ela disse que tem esperança de, no futuro, haver uma mudança na carreira que permita ao oficial do quadro técnico alcançar o posto de oficial superior.

Analista de sistemas, o filho, Carlos Eduardo Carvalho Mendes, não seguiu carreira, mas declarou enorme admiração pela mãe e por sua profissão. “Estou muito orgulhoso. Sempre achei que as mulheres tinham que ter todos os direitos que os homens têm e minha mãe é o espelho maior que tenho dentro de casa, uma pessoa com moral e ética, que se conduz assim dentro de casa e no trabalho”.

Edição: Davi Oliveira // Atualizada às 17h15 para retirar ambiguidade da abertura: os 31 anos referem-se à entrada das mulheres na Marinha e não à autorização legal, que ocorre um ano antes // Atualizada às 21h35 para substituir o termo oficial-general por oficial superior // Alterada às 21h12 para retornar o termo original oficial-general após consulta à Marinha. O termo oficial superior, na Marinha corresponde aos postos de capitão de mar e guerra, capitão de fragata e capitão de corveta e os postos de contra-almirante, vice-almirante e almirante de esquadra pertentence ao cículo de oficial-general