Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Corpo de Bombeiros de Altamira (PA) concluiu o laudo pericial sobre o incêndio ocorrido no último dia 9 em quatro depósitos da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e o entregará amanhã (21) ao consórcio responsável pelas obras civis do empreendimento, o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM). A Agência Brasil conseguiu antecipar que o laudo será inconclusivo sobre se o incêndio foi ou não criminoso.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a perícia feita identificou que “não havia fiações elétricas, material de combustão espontânea ou vestígios de agentes aceleradores [de fogo], nem indícios de fenômenos termoelétricos como sobrecargas ou curtos-circuitos e tampouco descargas atmosféricas [raios]” no local onde o incêndio teve origem. Apontará também que, devido ao alto grau de destruição, todos os vestígios que pudessem revelar a causa do incêndio foram consumidos.
Como não foram encontradas garrafas ou quaisquer recipientes que pudessem ser usados para conter materiais inflamáveis, o laudo não poderá afirmar que o incêndio foi criminoso. Segundo os investigadores, para saber se algum líquido inflamável foi despejado no local, seria necessário o uso de um cromatógrafo, aparelho que tem capacidade de identificar substâncias nos mais diversos estados físicos.
O problema é que, segundo o comandante do Corpo de Bombeiros de Altamira, Jefferson Augusto da Ressurreição Matos, a corporação não dispõe do equipamento. As dificuldades de identificar a real causa do incêndio foram ainda maiores porque o pequeno número de testemunhas não apresentou informações mais precisas sobre o incêndio.
Segundo a perícia, o incêndio ocorreu entre as 19h e as 20h. De imediato, as brigadas de incêndios do Consórcio Construtor Belo Monte fizeram uma primeira tentativa de extinção do fogo, com 12 carros-pipas de 10 mil litros de água. Mas a pressão de despejo foi inadequada e não possibilitou a contenção nem impediu a propagação do fogo para outros três depósitos.
Por volta das 21h, o Corpo de Bombeiros foi acionado pela primeira vez e a viatura levou cerca de 30 minutos para chegar ao canteiro, localizado a uma distância de 50 quilômetros do quartel. Isso, de acordo com os bombeiros, acabou aumentando o grau de destruição, já que havia, no local, materiais de alta capacidade de combustão e de fácil propagação, como fardas e botas de borracha.
A instalação da usina e o consequente aumento populacional da cidade mudou a rotina dos bombeiros de Altamira. Segundo o comandante Jefferson, em 2010 foram registradas 643 ocorrências no sistema da corporação. Em 2011 esse número aumentou para 904 e, em 2012, foram registradas 1.070 ocorrências. “As principais [41%] estão relacionadas a atendimentos pré-hospitalares. Destas, a maioria envolve acidentes no trânsito”, disse à Agência Brasil o comandante.
Para amenizar os problemas causados pela obra na cidade, a Norte Energia, empresa responsável pela usina, alugou algumas viaturas e as entregou ao Corpo de Bombeiros. Segundo o comandante, foram três caminhonetes para salvamento, prevenção e auxílio e duas motocicletas. Além disso, um novo quartel deverá ser construído. “A empresa já deu início aos trabalhos de medições do terreno onde a obra será tocada”, disse Jefferson.
Edição: Fábio Massalli