Exposições retratam trajetória da cultura negra no Brasil

20/11/2012 - 17h58

Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Contar a trajetória da cultura negra no Brasil nos vários períodos históricos é o que propõe as três exposições que podem ser conferidas a partir de hoje (20), no Museu Afro Brasil, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. Instrumentos e adornos do tempo da escravidão, a arte dos irmãos Timótheo do final do século 19 e a produção contemporânea do fotógrafo Azemiro de Sousa, conhecido artisticamente como Miro, fazem parte do conjunto artístico que celebra o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra e o aniversário de oito anos do museu, comemorado em 24 de outubro.

A mostra Arte, Adorno, Design e Tecnologia no Tempo da Escravidão apresenta mais de 70 objetos de ofícios urbanos e rurais, que retratam a lida nas fazendas e engenhos de açúcar. “As peças ressaltam a competência tecnológica da mão africana na construção da civilização brasileira. Você acompanha todo o processo de produção daquela época”, disse Ana Lúcia Lopes, coordenadora de Planejamento Curatorial do museu.

Moendas, prensas de folha de tabaco, mesas de lapidação, forjas de ferreiro, plainas de marceneiros, que remetem aos séculos 18 e 19, são alguns dos instrumentos expostos. A montagem dessas peças, reunidas a partir de acervos pessoais e de museus, é inédita, destacou a coordenadora.

Do período escravocrata para a arte pré-modernista dos irmãos Timótheo. A exposição Os Dois Irmãos exibe ao público telas de Arthur Timótheo da Costa (1882-1922) e João Timótheo da Costa (1879-1932), nascidos no Rio de Janeiro, no final do século 19, em uma família grande e pobre. “Apesar de pouco reconhecidos, eles eram muito requisitados como pintores naquela época”, ressaltou Ana Lúcia.

O fotógrafo Miro trouxe ao Museu Afro Brasil retratos em preto e branco de homens e mulheres negras comuns envoltos em véus, “como se fossem pérolas mesmo”, disse a coordenadora do museu. Esta é a primeira vez que o fotógrafo, reconhecido por seus editoriais de moda e publicidade, expõe no museu. A mostra, chamada de Pérola Negra, homenageia personalidades da cultura negra, como Zezé Motta e Luiz Melodia, autor da música que dá nome à exposição fotográfica.

De acordo com Ana Lúcia Lopes, as três exposições, apesar de se comunicarem pelos temas que abordam, são independentes e podem ser conferidas de forma autônoma. “Queremos que as escolas visitem. É uma exposição que tem um desdobramento didático”, disse. As demais exposições ficam disponíveis até maio.

O Museu Afro Brasil funciona de terça-feira a domingo, com entrada gratuita.

 

Edição: Aécio Amado