Marcos Chagas
Enviado Especial da Agência Brasil
Brasileia (AC) – Os imigrantes ilegais haitianos que aguardam a concessão de visto provisório da Polícia Federal para trabalhar no país não têm a mesma postura dos que chegaram antes ao Brasil. Mais organizados, os imigrantes que estão agora na cidade escolheram um “chefe” que fala por todos.
Para evitar a reportagem da Agência Brasil, eles argumentaram que não falavam espanhol ou português. Os poucos que tentaram conversar foram repreendidos pelos demais: “Você não pode falar nem seu nome”, disse um haitiano quando o jovem Alexis identificou-se para o repórter.
Volny Vilencia, apresentou-se como o “líder” dos mais de 200 haitianos que estão alojados provisoriamente em uma casa alugada pelo governo estadual. Segundo ele, desse total apenas 42 já têm visto para trabalhar no Brasil.
Hoje, metade do grupo viajou de ônibus para a capital, Rio Branco, às 6h30. De lá, eles seguem amanhã para Belo Horizonte, para trabalhar em uma empresa da capital mineira.
Volny disse que na segunda-feira (19) a outra metade deixará Brasileia. A informação foi confirmada pelo representante do governo do Acre na cidade, Damião Borges.
Pelo menos duas vezes, a Agência Brasil constatou que além de filtrar as informações que repassava, o haitiano mentiu. Ele disse que não havia mais grávidas no grupo.
Uma haitiana já em fim de gestação, que tinha deixado a casa havia poucos minutos, foi abordada e, sem querer falar mostrou discretamente com os dedos a existência de seis grávidas no abrigo, informação também confirmada por Damião Borges.
Segundo Damião, quatro dessas mulheres que não têm marido seguirão para Porto Velho, capital de Rondônia, onde existe uma casa de abrigo para haitianos. Ao ser confrontado novamente pela informação dada Volny Vilencia confirmou a presença das grávidas.
Ele também disse que há duas semanas não chegam novos grupos em Brasileia. Damião Borges deu outra informação. Segundo ele, a imigração ilegal para a cidade é permanente e um grupo de seis pessoas entrou por Cobija, na Bolívia, no domingo (11).
Edição: Tereza Barbosa