Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Sistema Moda Brasil (SMB), que objetiva promover o desenvolvimento dos setores da moda no país por meio da articulação público-privada, foi lançado hoje (8) no Fashion Rio, no Pier Mauá, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O sistema integra o Plano Brasil Maior.
O SMB reúne as cadeias produtivas vinculadas à moda no país (couro, gemas e joias, têxtil e confecções, calçados e artefatos) e órgãos do governo como a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o Ministério da Cultura, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além do próprio MDIC. Também é membro fixo do sistema o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
“É uma reunião para fortalecer o sistema e as políticas do setor”, disse o secretário executivo do MDIC, Alessandro Teixeira. Acrescentou que, na prática, as ações para o desenvolvimento das cadeias de produção da moda no Brasil vão desde a promoção comercial até o treinamento e a qualificação.
“Nós temos um grande desafio”, destacou Teixeira. “A indústria precisa se modernizar, porque ela depende da criatividade e da inovação e, portanto, esses elementos têm que estar configurados em políticas públicas que não perpassam somente o MDIC. Está todo o governo engajado, desde o financiamento do BNDES, à política tributária que nós fazemos, ao apoio de instituições como o Sebrae e o Ministério da Cultura. Todas elas são fundamentais para a gente poder trabalhar”.
Alessandro Teixeira espera, no curto prazo, conseguir manter o nível de emprego nessas indústrias, elevar as exportações e continuar defendendo a indústria nacional por meio das ações de defesa comercial. Ele observou que algumas políticas lançadas recentemente pelo governo, como a desoneração da folha de pagamento, já surtiram efeito sobre os setores da moda, “que têm mostrado recuperação da mão de obra”.
O diretor técnico da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Frederico Bernardo, disse à Agência Brasil que as expectativas são grandes. Elas se baseiam na ideia que, “cada vez mais, o trabalho unido consiga dar uma visibilidade maior à moda brasileira, principalmente no exterior”. Ressaltou que a união de todos os setores ligados à moda não é uma iniciativa muito comum em outros países. Por isso, ela representa uma novidade. “Assim, a gente consegue divulgar melhor as coisas boas que o Brasil faz”.
Para o vice-presidente da Associação Brasileira dos Estilistas (Abest), Roberto Davidowicz, o Sistema Moda Brasil vem para valorizar o design de criação da moda brasileira, “que é o que gera o crescimento das marcas, dos negócios, da economia como um todo”. Isso, segundo ele, gera valor agregado. Davidowicz avaliou que, ao integrar as iniciativas privada e pública, o SMB “é um movimento proativo. Então, é positivo”.
Quem também está acreditando no sucesso do sistema é o presidente executivo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), José Fernando Bello. “Porque nós temos visto, no caminho do projeto, que a união de forças entre os segmentos que têm interesse na questão da moda dá mais sustentabilidade e mais força a esse projeto, levando o Brasil, de uma forma forte para o exterior, associando todos os produtos e recursos naturais que nós temos”. Bello ressaltou que esse é o caso do couro, das gemas e joias e dos calçados brasileiros, “que têm uma qualidade excelente”.
A diretora de Gestão e Planejamento da Apex-Brasil, Regina Silverio, informou que a entidade vem trabalhando com os setores que compõem o SMB e que participam do Conselho de Competitividade do Plano Brasil Maior há mais de dez anos. Com apoio da Apex-Brasil, eles criaram uma marca própria comum (Brazil Fashion System).
“A expectativa é a gente começar de fato agora a implantar medidas que estão ligadas à questão estratégica e sistêmica, como já foram implantadas algumas [ações] em relação à desoneração da folha de pagamento, carga tributária, como também medidas mais operacionais ligadas à capacitação, posicionamento, marcas, exportação”, disse.
Regina Silverio assegurou que a ação da iniciativa privada é fundamental para o desenvolvimento da moda nacional. “Porque ela veio alinhar o que a gente está fazendo, mas focado na demanda específica existente. Porque não adianta a gente desenvolver ações que não vão ao encontro das necessidades do setor”, ressaltou.
De acordo com dados fornecidos pela Abest, as cadeias da moda que fazem parte do SMB respondem pela geração de 2,358 milhões de empregos diretos, englobando 54,6 mil empresas em todo o país.
Edição: Aécio Amado