Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) de 13% para 5%, concedida pelo governo fluminense ao setor joalheiro em 2008, resultou no aumento do número de empresas e de empregos formais, disse à Agência Brasil a diretora executiva da Associação de Joalheiros e Relojoeiros do Estado do Rio de Janeiro (Ajorio), Angela Andrade.
Estudo entregue pela entidade à Secretaria de Desenvolvimento Econômico do governo do Rio mostra que o número de estabelecimentos do setor subiu de 1.877, em 2008, para 2.175, no ano passado, enquanto o número de empregos diretos evoluiu de 6 mil para 8,4 mil, na mesma comparação.
Angela destacou que somando os empregos diretos e indiretos, pode-se estimar que há, atualmente, cerca de 25 mil pessoas envolvidas com o setor no estado. A arrecadação também cresceu de R$ 14 milhões para R$ 31 milhões, apesar da redução na alíquota do ICMS. “A arrecadação não só não diminuiu, como duplicou, em três anos”, informou.
Além de ser intensivo em mão de obra, o setor joalheiro é exportador. “O saldo comercial do setor na cadeia produtiva é muito favorável, porque a gente exporta muito mais do que importa e tem tudo a ver com as vocações do nosso estado, que são a economia criativa e o turismo”.
A principal característica do setor, em todo o país, é ser constituído, majoritariamente, por micro e pequenas empresas. No estado do Rio, Angela Andrade revelou que 97% dos empreendimentos são de micro e pequeno porte. “A gente conta nos dedos quem está fora do Simples no Rio”.
Angela confirmou que na presente edição do Rio-à-Porter, salão de negócios do Fashion Rio, evento de moda que ocorre no momento na capital fluminense, a linha das criações é inovação com sustentabilidade. “A gente já venceu uma etapa importante, de consolidação do design. Uma empresa de joias e bijuterias no Rio de Janeiro que não tenha design está fadada a morrer”.
Entre os microempreendedores do Arranjo Produtivo Local (APL) Joia Carioca que participam do Rio-à-Porter, destaca-se a artesã Silvia Blumberg, que utiliza na criação materiais recicláveis e até inusitados, como sobras de cimento branco, sumo de beterraba e de espinafre, tijolo, papel e tinta de caneta esferográfica. Nesta edição do salão de negócios, ela está lançando uma linha especial de joias e bijuterias confeccionadas com bagaço de cana e pó de madeira, aliados a pedras brasileiras, como a água-marinha.
O bagaço de cana é adquirido da Associação de Mulheres Empreendedoras de Campos (AME), cujas integrantes transformam o bagaço em pastilhas, dando nova utilidade a um elemento descartado. “Seria um problema para a natureza se ele fosse descartado inadequadamente. O que a gente quer fazer é ensinar às pessoas que muitas coisas que seriam descartadas inadequadamente, além de não serem lixo, podem virar dinheiro e luxo”, disse Silvia à Agência Brasil.
Silvia Blumberg está pesquisando agora a utilização do chimarrão gaúcho como tinta para o cimento branco. A artesã concorre ao Prêmio Brasilidade 2012 do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), na categoria design de joias com sustentabilidade.
Edição: Davi Oliveira
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