Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo constatou, em estudo feito entre julho e agosto deste ano, que 18% das vítimas de quedas atendidas na unidade caíram em calçadas da capital paulista. Dos 197 pacientes atendidos na unidade, 35 disseram ter caído na calçada. Destes, 40% caíram devido a buracos.
Segundo o estudo, 77% das pessoas que caíram em calçadas eram mulheres, apesar disso apenas 8,5% estavam usando salto alto. O calçado mais usado entre os entrevistados era o tênis, com 45%. “O salto não foi o principal responsável e não foi o que favoreceu para que a pessoa sofresse o acidente. Foi o estado da calçada que influenciou”, disse o diretor clínico do Instituto de Ortopedia e Traumatologia, Jorge dos Santos Silva.
Para Santos Silva, o fato de quase a maioria das pessoas estar usando tênis, que são sapatos que deixam a pessoa relativamente bem calçada e não favorecem a queda, indica que a qualidade da calçada foi o que proporcionou o acidente. “Isso é sinal de que a calçada onde a pessoa estava circulando era perigosa”.
O levantamento mostrou também que a idade na qual prevalecem as quedas está entre 35 e 50 anos e não apenas idosos como se pensa normalmente. Entre os relatos, 85% das pessoas caíram sem causa aparente. As lesões mais frequentes foram as entorses (45%), seguidas das contusões (35%) e fraturas (8,5%).
A estimativa é que um paciente internado devido à queda na calçada custe em média RS 40 mil para o sistema de saúde. “Apesar de 90% dos pacientes terem alta no mesmo dia, há risco de ocorrerem lesões graves. Dos entrevistados, todos foram atendidos em uma consulta, fizeram radiografia e saíram do hospital com alguma imobilização. Os internados foram cerca de 10%, porque tiveram fratura que precisava de cirurgia”, disse o médico.
O ortopedista disse que a constatação de que os pacientes caem em calçadas mal conservadas não quer dizer que todas as calçadas da cidade sejam ruins, mas indica que falta cuidado por parte dos proprietários. “O cuidado com a calçada depende de cada um. O proprietário é responsável por cuidar da calçada. Não por legislação, mas pela cidadania. Se cuidamos bem da nossa casa temos que nos preocupar também com a calçada, pois até o próprio morador ou alguém de sua relação pode cair”.
Santos Silva disse que o estudo foi um piloto e que a equipe deve continuar a fazer a pesquisa de forma mais aprofundada por um período maior e, a partir desses dados, propor ações para a administração municipal.
Edição: Fábio Massalli