Flaac 2012 debate a questão dos índios, direitos e diversidade cultural

23/10/2012 - 17h04

Gabriel Palma
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Festival Latino-Americano e Africano de Arte e Cultura (Flaac) 2012 debateu hoje (23) a questão indígena, preconceito e a diversidade cultural. Estudantes do ensino médio de escolas públicas do Distrito Federal (DF) participaram das discussões e defenderam mais ações públicas de integração entre as diversas culturas existentes no país.

As discussões ocorreram no espaço denominado Oca dos Povos Indígenas Darcy Ribeiro, na Universidade de Brasília (UnB). Os debates envolveram representantes brasileiros e estrangeiros de distintas etnias indígenas, entre eles o presidente da Fundação Darcy Ribeiro, Marcos Terena, o senador colombiano Martín Tengana, do partido Autoridades Indígenas da Colômbia (Aico), o professor e pajé José Carlos Papa Guarani e a filosofa Cristine Takuá (da etnia Kaingang).

Durante a sua participação, Papa fez uma oração, em guarani, observado pelos estudantes que estavam sentados ao seu redor, no chão, perto de uma fogueira. Marcos Terena pediu para o fogo iluminar a inteligência, o coração e o sonho dos estudantes que estavam ali para aprender com a palestra. O senador colombiano Martín Tengana exibiu uma gravação em vídeo sobre a situação política vivida pelos índios da etnia Nasa em seu país.

Tengana disse que os nasas têm conseguido várias vitórias. Por exemplo, o reconhecimento dos índios como entidades públicas de caráter especial pela Constituição de 1991. A Carta Magna colombiana definiu que um índio para ser candidato a um cargo eletivo precisa apenas apresentar uma declaração de ter sido líder em uma comunidade indígena. No Brasil, Marcos Terena disse que a participação do índio na política é fundamental.

“Nunca tivemos um presidente indígena na Fundação Nacional do Índio (Funai)”, declarou Terena, que sentiu a falta de índios na palestra. Ele defendeu um diálogo direto entre os índios e o governo principalmente nas questões de interesse dos indígenas. “O governo tem um débito com os povos indígenas, pois ele construiu hidrelétricas com fins lucrativos em terras que têm donos [os índios]”, disse Terena ao propor uma participação nos lucros de grandes empreendimentos em terras indígenas.

O aluno Matheus Estrela de Oliveira Melo, de 17 anos, da terceira série do ensino médio de uma escola pública de Taguatinga, cidade do DF, destacou a importância do evento como forma de aproximar o índio do não índio. “Foi interessante porque o índio está no nosso país e nós não temos acesso a eles”, disse Melo, que pretende cursar direito.

Para a professora Luzineide Ribeiro, da Secretaria de Educação do DF, é essencial que os alunos do ensino médio sejam integrados ao ambiente universitário participando de atividades como a Flaac. Segundo ela, é uma forma de estimular os estudantes a prosseguir com os estudos.

 

Edição: Aécio Amado