Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O déficit em transações correntes, saldo negativo das compras e vendas de mercadorias e serviços do Brasil com o mundo, chegou a US$ 2,596 bilhões, em setembro, o menor resultado para o período desde 2009.
“As contas externas do país em setembro tiveram evolução semelhante ao que vinha sendo observado ao longo do ano – déficits moderados”, disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel.
De janeiro a setembro, o saldo negativo das transações correntes ficou em US$ 34,123 bilhões, ante US$ 36,675 bilhões registrados em igual período de 2011.
De acordo com Maciel, a redução nas remessas de lucros e dividendos, este ano, tem ajudado a diminuir o saldo negativo das transações correntes. De janeiro a setembro, essas remessas líquidas (descontada as receitas que vêm para o país) chegaram a US$ 15,352 bilhões, ante US$ 27,66 bilhões de igual período de 2011.
“Os fluxos de lucros e dividendos estão menores do que no ano passado. Isso reflete moderação da atividade econômica desde o segundo semestre de 2011 e a evolução do câmbio [dólar mais caro], que desestimula as remessas de lucros e dividendos”, destacou Maciel. Para as empresas no Brasil enviarem lucros e dividendos às matrizes no exterior é preciso converter os resultados de reais para dólares.
O país também recebe recursos do exterior de filiais de empresas brasileiras. Nesse caso, segundo Maciel, há aumento das receitas, que passaram de US$ 1,080 bilhão, de janeiro a setembro de 2011, para US$ 4,224 bilhões nos nove meses deste ano.
Maciel acrescentou que as remessas líquidas (descontadas as despesas) de lucros e dividendos refletem resultados de períodos anteriores, mas com o maior ritmo de crescimento da economia, a tendência é que haja aumento do envio de recursos ao exterior. Em outubro, até o dia 19, as remessas líquidas ficaram em US$ 1,456 bilhão. Em todo o mês de outubro do ano passado, essas remessas ficaram em US$ 1,558 bilhão.
Os lucros e dividendos fazem parte da conta de rendas, que também inclui dados de pagamentos de juros, salários e rendas de investimentos. Essa conta ficou negativa em US$ 1,823 bilhão, no mês passado, e em US$ 22,506 bilhões, de janeiro a setembro deste ano.
Outro item da conta-corrente é a balança de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos, seguros e outros), que registrou déficit de US$ 3,459 bilhões, em setembro, e de US$ 29,46 bilhões, nos nove meses do ano.
A balança comercial, formada por exportações e importações, compensou parcialmente o saldo negativo das contas de rendas e serviços, ao registrar saldo positivo de US$ 2,556 bilhões, em setembro. Nos nove meses do ano, o superávit comercial chegou a US$ 15,724 bilhões.
Para este mês, Maciel espera uma contribuição menor da balança comercial para compensar o resultado negativo das contas externas do país. Por isso, a projeção para o déficit em conta-corrente é US$ 4,9 bilhões. De acordo com Maciel, outro fator que vai influenciar o déficit maior será o aumento das remessas de lucros e dividendos.
Porém, a expectativa do BC é que o investimento estrangeiro direto (IED), que vai para o setor produtivo do país, será suficiente para cobrir o saldo negativo das contas externas. Neste mês, até o dia 19, o IED ficou em US$ 3,8 bilhões e a expectativa é que encerre outubro em US$ 6 bilhões. Esse tipo de investimento é considerado a melhor forma de financiar o déficit em transações correntes por ser de longo prazo.
O país também recebe investimentos estrangeiros em carteira (ações e títulos de renda fixa). Os dados parciais deste mês até o dia 19 mostram que os investimentos estrangeiros em ações ficaram em US$ 919 milhões. Em setembro, houve saída líquida desses investimentos de US$ 1,227 bilhão.
No caso de títulos de renda fixa negociados no país, neste mês, até o dia 19, houve ingressos líquidos de US$ 516 milhões. Em setembro, esses investimentos ficaram em US$ 736 milhões.
Edição: Juliana Andrade