Gabriel Palma
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Criado há 25 anos, o Festival Latino-Americano de Arte e Cultura (Flaac) registra histórias e momentos peculiares da política, cultura e dos movimentos sociais no país. Nascido logo após a ditadura (1964-1985), o Flaac passou por fases, como a recriação do festival no estilo dos hippies de Woodstock (festival de música, que ocorreu em 1969, nos Estados Unidos, marcando uma época), como destaca Dimer Monteiro, ator e diretor teatral.
“A gente comemorava, tocava e falava com os outros latino-americanos sem saber o espanhol”, lembra Monteiro, destacando que a proposta do Flaac foi do então reitor da Universidade de Brasília (UnB), Cristovam Buarque, atualmente senador pelo PDT do Distrito Federal. Monteiro ressaltou que vários dos artistas que se apresentaram nas edições do Flaac acabaram consagrados depois. Ele citou o Teatro Circular, de Montevidéu, no Uruguai.
O diretor destacou ainda os esforços de artistas brasileiros e estrangeiros que se empenharam para transformar o Flaac em referência na área cultural. Segundo ele, a professora Laís Aderne, que já morreu, o ator Guilherme Reis e a arte-educadora Maria Duarte lideraram vários projetos para consolidar o festival. A primeira edição do Flaac contou com o poeta nicaraguense Ernesto Cardenal, a atriz equatoriana Tamara Nova e o multi-instrumentista brasileiro Hermeto Pascoal.
Pelo projeto inicial, o festival estava previsto para ocorrer de dois em dois anos, mas até a edição deste ano, só foram realizados os de 1987 e 1989. Na última edição, nos anos 1980, uma crise político-econômica obrigou os organizadores a fazer cortes nos orçamentos. A iniciativa atingiu o evento, que acabou sofrendo restrições.
No entanto, artistas renomados, como a cantora argentina Mercedes Sosa, a cineasta norte-americana de origem cubana Coco Fusco, além dos brasileiros Raimundo Fagner e Beth Carvalho, participaram da edição do Flaac 1989.
Nos anos 1990, a instabilidade econômica no Brasil interrompeu os trabalhos do Flaac, segundo os organizadores do evento. A contribuição para quem participou foi muito especial, disse Monteiro. “Foi um momento de euforia, pois até então só tínhamos contato com a cultura norte-americana, europeia e africana. O festival abriu muitas portas para a América Latina”, acrescentou.
Edição: Graça Adjuto