Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Correntistas endividados com o cheque especial devem trocar a dívida por uma mais barata, como o crédito consignado. Mas é preciso cuidado para não voltar a ficar no vermelho, na avaliação do professor de finanças da Faculdade Ibmec Marcos Aguerri Pimenta.
“Os juros do consignado são bem menores que os do cheque especial. Cuidado apenas para isso não virar rotina, pois é comum as pessoas, além de pegar um crédito pessoal, acabarem entrando no cheque especial novamente ou no rotativo do cartão de crédito.”
De acordo com o Banco Central (BC), o crédito consignado, por ter taxa de juros mais baixa, tem sido usado nas renegociações das dívidas. A taxa de juros do crédito consignado chegou a 23,6% ao ano, em agosto, com redução de 1 ponto percentual em relação a julho. Já a taxa do cheque especial ficou em 148,6% ao ano, em agosto.
Pimenta lembra que os correntistas podem pedir ao gerente do banco para “cortar” o cheque especial e assim evitar a tentação de usar. “Outra saída, menos radical que cortar o cheque especial, porém de difícil execução, é acompanhar frequentemente o fluxo de caixa da conta-corrente. Um terceiro caminho consiste em ter uma aplicação, como poupança e CDB , com a opção de resgate automático quando o saldo da conta-corrente ficar negativo”, orienta.
Depois de ver a dívida do cheque especial crescer de forma descontrolada, o servidor público Carlos Henrique Guilherme, 54 anos, optou pela opção “mais radical”: pediu ao gerente para cortar o limite de crédito. Segundo ele, em 2005 a dívida chegou a R$ 10 mil, após meses de uso do cheque especial. A saída que ele encontrou foi negociar com o banco o pagamento em dez prestações. “Eu renegociei a dívida para sair da bola de neve.”
O servidor conta que, depois disso, para não voltar a precisar do cheque especial, adotou um hábito mais comum em cidades do interior – o conhecido caderninho de compras fiadas no comércio, como no açougue e na padaria, para pagar quando o salário entra na conta, no início de cada mês. “Hoje eu vivo com o que recebo de pagamento. Compro fiado na mercearia, no açougue, tudo perto de casa”, diz.
Edição: Juliana Andrade