Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Uma ação da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) levou hoje (30) profissionais de diferentes áreas de saúde ao Parque da Juventude, na zona norte da capital, para fazer testes e orientar a população sobre como evitar doenças no coração. Segundo a organização, 300 pessoas participaram da campanha Em Busca do Coração Saudável.
Durante o evento, os visitantes puderam assistir a palestras sobre fatores de risco das doenças do coração, incentivo à mudança no estilo de vida e como reconhecer sintomas do infarto. Solange Guizilini, fisioterapeuta da Socesp, ensinou ao público como proceder quando há suspeita de infarto. “De acordo com as novas diretrizes da American Heart, o leigo deve identificar se o indivíduo perdeu a consciência e, nesse caso, chamar o socorro. Se ele não respirar ou respirar mal, deve iniciar a massagem cardíaca até o socorro chegar”, disse.
As avaliações de saúde feitas no local se dividiram entre diferentes setores. No estande da fisioterapia, os profissionais mediram a força muscular respiratória e periférica. “As doenças do coração podem interferir nessas forças. Se a pessoa tem infarto, ao longo do tempo ele pode levar o coração a apresentar insuficiência cardíaca, que é a incapacidade de fornecer oxigênio para a musculatura”, explicou Solange.
A fisioterapeuta alertou para os sinais de fraqueza muscular, muitas vezes ligados a problemas no coração, que o organismo pode apresentar. Ela destacou o cansaço excessivo ao subir escadas, durante as relações sexuais ou ao realizar atividades rotineiras como ir à padaria. “Estamos conscientizando a população de que a doença cardíaca pode prejudicar as atividades da vida diária”.
No estande da enfermagem, havia medição da pressão arterial e avaliação do histórico familiar. A enfermeira Ivany Baptista, ao verificar pacientes que apresentavam hipertensão e algum fator de risco como colesterol alto, diabetes, gordura corpórea ou sedentarismo, orientava a visita ao médico e o acompanhamento constante, por meio da aferição semanal da pressão. “Porque esse indivíduo já tem o risco de desenvolver problemas de hipertensão”, explicou.
Ela contou que se surpreendeu, durante a campanha, com o alto número de pessoas jovens e ativas nas quais foi constatada hipertensão. “Estamos em um parque, com muitas pessoas jovens fazendo atividades físicas. Mas, muitas delas já têm nível pressórico elevado. Elas nunca tinham parado para medir a pressão arterial. Diante de nossas orientações, puderam ser alertados de que essa doença cardiovascular pode acometer também os jovens”, disse Ivany.
No estande da odontologia, o alerta era para um perigo pouco conhecido, o da associação entre problemas nos dentes e doenças do coração. “Algumas doenças cardiovasculares provêm de doenças bacterianas presentes na boca. As bactérias caem na corrente sanguínea e podem lesionar as válvulas cardíacas”, explicou o cirurgião-dentista Frederico Buhatem.
A funcionária pública aposentada Marineide de Paula Silva, 59 anos, estava entre os visitantes que não sabiam da existência dessa associação. “Ouvindo as explicações, você consegue se conscientizar da necessidade de cuidar da saúde, da dentição. Você pode ter um problema cardíaco por uma infecção, coisa com que a gente, em geral, nem se preocupa”.
Marineide aproveitou a campanha para ouvir também as explicações dos educadores físicos, que incentivavam os visitantes, sobretudo os sedentários como ela, a praticar esportes e fazer exercícios físicos. “Eu sempre penso em fazer um esporte, mas acabo deixando para depois. Mas já me conscientizei de que, se eu não fizer, o resultado vai ser negativo. Penso em começar hidroginástica, porque tenho problema de artrose e outro exercício não poderia fazer”, contou a aposentada.
Entre os profissionais da área de nutrição que integravam a ação, a preocupação maior estava ligada ao sobrepeso. Regina Marques Pereira utilizou as medidas de Índice de Massa Corporal (IMC) aferida dos participantes para indicar os valores calóricos ideais a serem ingeridos por cada pessoa atendida no local. “Dependendo do índice de massa, vamos mostrar, na prática, como atingir esse valor calórico, sem receitinhas de cardápio, mas com base na pirâmide alimentar”, explicou.
Segundo a nutricionista, a obesidade foi um problema recorrente constatado pelos profissionais durante a campanha. “Só a circunferência abdominal aumentada já representa risco para a síndrome metabólica. Então, o acúmulo de gordura localizada ou circulando no sangue é risco para o coração”.
Entre os participantes do evento, porém, havia uma exceção nesse quesito: o educador Raphael Veiga Gianninni (25 anos). “Descobri que estou abaixo do peso. Fazia muito tempo que não ia ao médico, mais de um ano”, disse. Apesar disso, Raphael cuida da saúde praticando ciclismo diariamente. “A bicicleta é meu meio de locomoção, uso para ir ao trabalho, para o lazer”, acreescentou.
Em outro estande montado no parque, psicólogos auxiliavam tabagistas que desejam deixar o vício. O cigarro representa alto fator de risco para as doenças do coração e, segundo a psicóloga Simone Guidugli, a maior parte dos atendidos durante o evento apresentou nível elevado de dependência. “Nós demos dicas comportamentais, como levar à boca e comer coisas que não engordam como cenoura, tomar vários copos de água, ler, fazer caminhadas. São formas de tirar a atenção do tabagismo para algo mais saudável”, lembrou.
Edição: Graça Adjuto