Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A atual estrutura da Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, está com os dias contados, segundo o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho. Em conversa com jornalistas que cobrem a área, em Brasília, Mendes Ribeiro voltou a criticar a atuação do órgão, que teria que garantir a distribuição de grãos este ano, quando várias regiões do país sofreram com a escassez do produto em função da seca.
“Nunca vi nada igual na minha vida. Esta falta de planejamento e de preparo da Conab como um todo. A Conab tem que mudar e vai mudar. Eu não posso mais conviver com a falta de produto”, disse. Mendes Ribeiro Filho destacou a falta de armazéns em regiões do país que dependem dessa estrutura e o problema de sucateamento de armazéns em outros estados.
No início de setembro, o ministro Mendes Ribeiro Filho já havia reconhecido problemas no transporte do milho para as regiões Norte e Sul, quando garantiu que o problema seria resolvido, o que não conseguiu desde então.
Nos últimos meses, representantes da Conab alegaram problemas com o frete de caminhões, em função de greves no setor, como umas das dificuldades para garantir a distribuição dos grãos. O Exército Brasileiro foi acionado pelo Mapa para amenizar a escassez de milho no Semiárido nordestino e outras regiões afetadas pela estiagem.
Ao reconhecer o problema que esvaziou os leilões realizados pela companhia para transporte de grão e os impactos da seca e da crise do milho, o ministro da Agricultura explicou que o governo está trabalhando na definição de algumas medidas, como a elaboração de um Plano Nacional de Armazenamento.
“O plano já vai prever que tenhamos, em determinados estados, a condição para não vivermos as situações que vivemos este ano, como o milho em céu aberto em Mato Grosso. E se chove? O que vou dizer para a torcida?”, questionou.
Segundo ele, o governo tem mantido diálogo permanente com governadores e a Conab está levantando as informações no país, mas admitiu que, em algumas situações, o ministério não tem como agir. “Não posso pagar pelo milho mais que o preço do milho. O milho subiu e não tem como comprar. Caminhão, não tenho como contratar, porque faço o leilão e ninguém aparece. O governo pode ajudar, mas tem situações que são impossíveis”.
Sem descartar possíveis demissões na Conab, Mendes Ribeiro ainda acrescentou: “O que critico é a falta de previsão. Por isso, a política agrícola diferenciada, por isso [defendemos] a regionalização [outra medida estudada pelo Mapa], para termos uma situação diferente no ano que vem”, acrescentou.
Edição: Davi Oliveira
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