Brasil e Portugal querem construir imagens de países modernos em eventos de promoção cultural

07/09/2012 - 11h58

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil


Brasília – Nos próximos dez meses, período em que serão promovidas atividades simultâneas em Portugal e no Brasil, os dois países querem mudar a imagem que um guarda do outro. Portugal quer que os brasileiros saibam que, além de tradição, os lusitanos vivem a modernidade. Sem abrir mão dessa visão futurista, o Brasil quer que os portugueses conheçam a diversidade da cultura nacional.

A intenção do Brasil, no Ano do Brasil em Portugal, é mostrar que o país tem grande variedade de artistas na música, no teatro, na dança e até no circo além de apresentar produções ainda desconhecidas e de diferentes partes do país (fora do eixo Rio-São Paulo).

Além da cultura, Brasil e Portugal buscam trazer mais dinamismo às relações comerciais e de cooperação científica. “Não é só a celebração do que nos aproxima, mas também a modernidade dos dois países”, comentou o chanceler Antonio Patriota ao lembrar que os países têm intercâmbio nas áreas de ciência, tecnologia e inovação. Segundo o Itamaraty, Portugal é o destino mais procurado pelos candidatos a bolsistas do Programa Ciência sem Fronteiras (12 mil pedidos e 2,1 mil bolsas concedidas).

Os dois países vão acionar a comissão mista de ciência, tecnologia e inovação para discutir cooperação nas áreas de nanotecnologia, biotecnologia e biocombustíveis. Além disso, há interesse de empresas brasileiras por Portugal. Segundo Patriota, a Embraer vai abrir uma unidade na cidade de Évora e o Brasil “segue de perto” o processo de privatização das companhias estatais portuguesas, afirmou ontem (6), antes de participar de um jantar com o ministro de Negócios Exteriores de Portugal, Paulo Portas.

Segundo Paulo Portas, o país lusitano quer que as privatizações sejam bem sucedidas “não apenas do ponto de vista da receita”, mas também da transparência e de observar “as melhores práticas internacionais”. Ele lembra que a privatização da companhia de energia EDP, vencida por chineses no começo deste ano, mostrou que o país está aberto à atuação de grupos estrangeiros além da União Europeia. A Eletrobras (com apoio do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES) chegou a participar da concorrência, mas não foi classificada entre as duas melhores propostas (finalistas).

A entrada de investimento estrangeiro combina com a imagem de modernidade que os portugueses querem passar no Ano de Portugal no Brasil. De acordo com o chanceler Paulo Portas, Portugal “moderno” quer aproveitar a “avenida de oportunidades” dos grandes eventos internacionais que ocorrerão no Brasil (como a Copa e as Olimpíadas) nesta década para mostrar sua excelência em turismo. “As empresas portuguesas têm grande experiência”, garantiu ao assinalar que essas companhias “podem ajudar na capacidade de realização que o Brasil vai mostrar nesses eventos”.

Para marcar a abertura do Ano de Portugal no Brasil, está marcado para hoje (7), em Brasília, um show com a cantora portuguesa Mariza e a artista brasileira Roberta Sá, acompanhadas da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Juntas, elas cantarão Insensatez (de Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e Fado Tropical (de Chico Buarque e Ruy Guerra).

A intenção de mostrar a imagem de Portugal como um país moderno e que atualiza sua cultura também está na fala da cantora lusitana. “Queremos mostrar um Portugal que tem suas tradições, mas ao mesmo tempo um Portugal que está dando um passo a frente, rumo à modernidade, um Portugal que pensa no futuro”, disse Mariza à Agência Brasil após a passagem de som (ensaio) para o show que começa hoje às 18h na Torre de TV (Eixo Monumental).

 

Edição: Lílian Beraldo