Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Um incêndio no Parque Nacional do Araguaia, no Tocantins, atingiu 113 mil dos 555 mil hectares que compõem a unidade. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), 50 brigadistas estão no local tentando controlar o fogo, com o auxílio de dois aviões tanques (airtractor) e um helicóptero.
O Parque do Araguaia é um dos mais afetados pelas queimadas deste ano, caracterizado pela forte seca que atingiu várias regiões do país, principalmente do bioma Cerrado. A Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins e o Parque Nacional Nascentes do Parnaíba, que abrange quatro estados brasileiros (Piauí, Maranhão, Bahia e Tocantins), são outros dois alvos de preocupação dos órgãos ambientais federais.
Quase 300 mil hectares já foram queimados em unidades de conservação federais este ano. Apesar da área que equivale a 300 estádios do Maracanã em chamas, o número ainda é inferior aos que foram registrados nos anos anteriores.
Segundo dados da Divisão de Monitoramento e Informações Ambientais do ICMBio, entre 1º de janeiro e 31 de julho de 2010, foram atingidos 340 mil hectares de unidades de conservação. Em 2011, as queimadas afetaram 115 mil hectares dessas áreas protegidas. No mesmo período deste ano, as ocorrências alcançaram 94 mil hectares.
“Nas unidades de conservação federais, a situação é menos grave do que a de anos anteriores. Isso demonstra um melhor poder de resposta do ICMBio para inibir a ocorrência de incêndios, bem como de controlá-los antes que tomem grandes proporções”, afirmou o coordenador de Emergências Ambientais do órgão ambiental, Christian Niel Berlinck.
Berlinck acrescentou que, nesta época do ano, os incêndios são causados unicamente por ação humana. “Incêndios naturais ocorrem geralmente associado a [não ocorrência de] chuvas. Considera-se natural apenas aquele causado por raios. Quando isso ocorre a vegetação está mais verde e a umidade mais elevada”, acrescentou.
A dificuldade de acesso às unidades de conservação e a ausência de estradas dificultam a ação dos agentes e de brigadistas. “Além disso, não sabemos quando e onde os incêndios vão começar. Em muitos eles ainda são simultâneos. Como nesses casos somos reativos, geralmente chegamos quando o incêndio já está estabelecido,” relatou.
Os incêndios são provocados principalmente para limpeza de área para agricultura e renovação de pastagens e são casos que, geralmente, saem de controle. Segundo Berlinck, muitas ações são praticadas por piromaníacos e para caça.
“Temos que aliar ações de sensibilização e educação ambiental. Só se cuida daquilo que se gosta, com capacitações em alternativas ao uso do fogo para produção agropecuária. Existem muitas [alternativas] com responsabilização e fiscalização e presença institucional”, disse.
Os agentes e fiscais ambientais ainda não conseguem calcular quanto em biodiversidade está sendo perdido. “Infelizmente ainda não temos como quantificar isso. É uma das coisas que temos discutido, mas até o momento não achamos um caminho confiável”, explicou Berlinck.
Edição: Lana Cristina