Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A violência na América Latina e Caribe é a principal preocupação de seus cidadãos. A conclusão está no relatório Estado das Cidades da América Latina e Caribe, divulgado hoje (21) pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat). Além disso, das 16 mil municipalidades pesquisadas no estudo, a violência se encontra entre as três principais preocupações dos governos locais.
Apenas em 2008, morreram mais de 130 mil pessoas vítimas de arma de fogo na região. Não por coincidência, América Latina e Caribe têm as taxas de homicídios mais elevadas do mundo (mais de 20 para cada 100 mil habitantes), bem acima da média global (sete para cada 100 mil habitantes).
O oficial principal de Assentamentos Humanos do ONU-Habitat, Erik Vittrup, explicou que algumas políticas públicas sociais e urbanas têm tido forte impacto na queda dos índices da violência. Ele citou o exemplo do Rio de Janeiro.
“Unidades de Polícia Pacificadora com intervenção social [UPPs sociais], o Morar Carioca, são bons exemplos de políticas públicas de inclusão social que têm dado resultado e ajudado a diminuir a taxa de homicídios na cidade”, citou ele.
Segundo ele, o padrão da violência varia muito nos países da América Latina e Caribe. As principais causas estão relacionadas ao crime organizado e à violência doméstica contra mulheres.
O estudo sugere que a falta de segurança nos espaços públicos faz com que as mulheres evitem utilizá-los, enfraquecendo o tecido social e impondo a reclusão feminina nos espaços privados.
Entre 2004 e 2009, dos 25 países com as maiores taxas de feminicídio no mundo, 13 estavam na região, sendo El Salvador o primeiro do ranking. O Brasil se encontrava então em 11º lugar. O feminicídio é um conceito sociológico para o assassinato de mulheres por motivo de gênero.
Esse é o primeiro relatório desse tipo voltado exclusivamente para a região. Desde 2004, o programa publica o Relatório do Estado das Cidades no Mundo. Vittrup informou que a intenção do órgão é que o relatório para a América Latina passe a ser publicado a cada dois anos.
Um dos motivos para que a região seja uma das mais violentas do mundo, segundo o funcionário da ONU, é o fato de as cidades da região apresentarem os maiores índices de iniquidade do planeta. “A boa notícia é que essa desigualdade está diminuindo rapidamente na maioria dos países da região”, disse ele. Dentre as exceções, estão Argentina, Paraguai, Colômbia e Equador.
Edição: Davi Oliveira
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