Campanha alerta sobre danos causados pelas queimadas nas áreas por onde passam linhas de transmissão de energia

21/08/2012 - 17h49

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Preocupada com as queimadas perto das linhas de transmissão, que sempre aumentam nesta época do ano, Furnas Centrais Elétricas, subsidiária da Eletrobras, lançou uma campanha alertando a população sobre os prejuízos que as queimadas representam para o consumidor, por causa dos cortes de energia, e para o meio ambiente, em função da destruição da fauna e da flora da região.

Queimar áreas próximas às linhas de transmissão constitui um crime federal previsto no Decreto 2.661, de agosto de 1988. A lei proíbe atear fogo em uma faixa de 15 metros dos limites de segurança das linhas de transmissão e de 100 metros ao redor das subestações, informou a assessoria de imprensa de Furnas. A fumaça pode provocar curtos-circuitos e o superaquecimento dos cabos, entre outros danos.

O gerente da Divisão de Linhas de Transmissão da companhia, Ricardo Perez, disse à Agência Brasil que a campanha objetiva esclarecer a população que “o maior prejudicado com as queimadas é ela mesma. A falta de energia volta contra a própria pessoa que começou a queimada”. Isso sem falar nos prejuízos, segundo ele, causados ao meio ambiente e à economia do país. A queimada é “ruim para todo mundo”, ressaltou.

Furnas vem investindo desde 2006 em campanhas de esclarecimento à população na área onde tem empreendimentos (Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso, Goiás e Tocantins), além do Distrito Federal, sobre os malefícios causados pelas queimadas.

Este ano, a campanha ganhou uma dimensão maior com a veiculação de peças na televisão, rádio e internet. Estão sendo distribuídos também cartazes em escolas e instituições públicas nas regiões onde a companhia atua. Um total de 456 municípios são cortados pelas linhas de transmissão de Furnas, que é responsável por 40% da energia consumida no Brasil.

Ricardo Perez destacou que, este ano, os focos de queimadas no país, até meados deste mês, aumentaram 70% em relação a igual período de 2011. “Nós ainda não sentimos isso no sistema elétrico. Mas o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais [Inpe] têm registrado aumento significativo de queimadas. A gente está com 70% a mais do que no mesmo período do ano passado”, disse.

Perez acrescentou que o número de queimadas coloca o Brasil na primeira posição do ranking sul-americano, com 45.608 focos. “Na comparação com a Argentina [que registra 15.220 focos no período], mesmo guardadas as proporções de dimensão, o Brasil tem uma situação, infelizmente, privilegiada nesse ranking”.

O gerente de Furnas informou que o estado mais afetado é Mato Grosso, com 7.510 focos de queimadas, seguido do Tocantins (4.854), de Minas Gerais (1.828) e Goiás (1.521). A área onde Furnas atua engloba 20 mil quilômetros de linhas de transmissão de extra alta tensão. As queimadas são consideradas uma das principais causas da interrupção não programada do fornecimento de energia e representa risco de vida para animais e pessoas.

A maior incidência de queimadas é no período de seca, que vai de abril a outubro, tendo grande aumento entre os meses de agosto e setembro. Ricardo Perez esclareceu que isso ocorre porque coincide com o período de colheita da cana de açúcar em várias regiões do país. “E a cultura da colheita de cana ainda é a queima antes da colheita, porque diminui a quantidade de mão de obra”. Advertiu que, com essa prática, o produtor perde produtividade, embora veja a queimada como um sistema mais barato do que a mecanização. “A gente lamenta, mas é assim que funciona”, disse Perez.

 

Edição: Aécio Amado