Fernando César Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Curitiba – O Ministério da Saúde registrou este ano 210 mortes de pacientes com o vírus Influenza H1N1 em todo o país. O dado se refere ao período de janeiro até o último dia 21 de julho.
O maior número de vítimas fatais da doença se concentra nas regiões Sul (134) e Sudeste (57). Juntas, as duas regiões, cujo clima mais frio facilita a transmissão do vírus, concentram 91% das mortes. O Centro-Oeste registra nove óbitos. As regiões Norte e Nordeste, cinco cada.
De acordo com o Ministério da Saúde, já é possível detectar que o pico do número de mortes em 2012 teria sido ultrapassado. Ele teria ocorrido na 25ª semana do ano, entre os dias 17 e 23 de junho, quando foram notificadas 41 mortes. Nas três semanas seguintes, esse total caiu para 30, 17 e 12 mortes. Como ainda há óbitos em fase de investigação, os dados devem sofrer alterações nos próximos dias.
"É possível que o pico tenha mesmo ficado para trás, mas ainda seria preciso avaliar se a doença não irá apresentar curvas diferenciadas de ocorrências em cada região do país", afirmou à Agência Brasil a médica infectologista Nancy Bellei, da Universidade Federal de São Paulo e do Comitê de Influenza e Virulogia Clínica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). "Em 2009, durante a pandemia, o pico foi registrado no mês de agosto. A volta às aulas pode vir a ser um complicador nas regiões mais frias."
Os números do Ministério da Saúde também mostram que as mortes pelo vírus de subtipo Influenza H1N1 representam 86,1% do total de 244 mortes provocadas pelo vírus Influenza. Em relação ao total de 860 mortes registradas por síndrome respiratória aguda grave, o percentual é 28,4%.
"Os dados demonstram, como era esperado, que já começamos, sim, a vencer o pico [de mortes], mas as nossas equipes seguem investigado os casos", disse à Agência Brasil a secretária substituta de Vigilância em Saúde do ministério, Sônia Brito. "Tanto os médicos quanto a população em geral estão mais atentos hoje, mas ainda existe certa cultura de que gripe não se trata, o que não deixa de ser uma barreira."
Estudos técnicos ainda em andamento no Ministério da Saúde apontam que parte das mortes registradas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul foram de pacientes que receberam o tratamento tardio, tinham outras doenças preexistentes ou se encontravam em ambas as situações.
Pandemia de 2009 - O total de mortes de pacientes com o vírus Influenza H1N1 registradas em 2012 corresponde até o momento a 10,2% do que foi verificado em 2009, quando 2.060 pessoas morreram no Brasil. O fim da pandemia foi decretado em agosto de 2010 pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Em 2009, nós tínhamos uma população inteira suscetível à doença. Hoje, grande parte está imunizada ou mesmo já foi infectada em anos anteriores e até podem voltar a se infectar, mas não de forma tão grave", explica a infectologista Nancy Bellei. "O acesso facilitado à medicação é outra diferença importante."
Com a confirmação de que receberia mais doses de vacina, a Secretaria de Saúde do Paraná decidiu ampliar a faixa etária das crianças vacinadas para até 5 anos incompletos. Já a Secretaria de Vigilância em Saúde do governo federal confirma que alguns estoques restantes de vacinas contra a gripe estão sendo remanejados para os estados da Região Sul, mas explica que a orientação geral do ministério é manter a vacinação dos mesmos grupos prioritários na campanha nacional, encerrada em junho.
Fazem parte dos grupos prioritários para imunização idosos a partir dos 60 anos, crianças entre 6 meses e menores de 2 anos, gestantes, trabalhadores de saúde e portadores de doenças crônicas."Todos os estados têm o remédio oseltamivir em estoque. A prioridade do ministério, hoje, é garantir o acesso à medicação", diz Sônia Brito. "A vacina demora até três semanas para ter algum efeito e ainda não tem 100% de eficácia."
Os médicos de todo país estão orientados a prescrever o medicamento antiviral oseltamivir, conhecido pelo nome comercial Tamiflu, a todos pacientes que apresentarem quadro de síndrome gripal, mesmo antes dos resultados de exames ou sinais de agravamento.
A gripe é caracterizada pelo surgimento simultâneo de febre e tosse ou dor de garganta, dor de cabeça, muscular ou nas articulações. O antiviral, que reduz as chances de que a doença evolua para um caso grave, tem maior eficácia nas primeiras 48 horas desde o início dos sintomas.
Edição: Fábio Massalli