Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Para o presidente da Comissão Independente sobre a Síria da Organização das Nações Unidas (ONU), Paulo Sérgio Pinheiro, a diplomacia é a única saída para resolver os conflitos no país. Segundo o diplomata, não existe a possibilidade de uma intervenção estrangeira, como ocorreu na Líbia. “Uma invasão estrangeira seria um desastre. A Síria não é como a Líbia, onde a oposição dominava uma certa parte do território. Tudo lá é intrincado”, disse.
Pinheiro também ressaltou que a aproximação das eleições nos Estados Unidos, em novembro, é mais um motivo que afasta ainda mais a possibilidade de interferência externa nos conflitos. “A meu ver, para nós, a única solução imediata continua a ser o imediato cessar-fogo. Isso é o que vai propiciar o fim da violência”, declarou após encontro com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
O diplomata acredita que o ataque à bomba de hoje (18) que matou os ministros sírios da Defesa, Dawood Rajha, e do Interior, Asif Shawkat, abre uma “brecha enorme”para a negociação de uma trégua. “Porque se torna mais premente manter a missão da ONU e porque a população não aguenta mais [o clima de violência]”, disse ao destacar que a maior parte dos cerca de 16 mil mortos nos conflitos é civil.
Apesar do fortalecimento das forças de oposição ao presidente Bashar Al Assad, Pinheiro disse que aparentemente os grupos armados não têm força para derrubar o governo. “Nossa avaliação é que esses grupos armados não têm condição ainda de ter uma vitória militar”. De acordo com o diplomata, a Síria dispõe de um Exército com 300 mil homens e o mesmo número de reservistas.
Edição: Aécio Amado